Eu disse-te para parares e tu não paraste. Prosseguiste nas tuas palavras duras, vazias e carregadas de dor, e nunca, nunca olhaste para mim.
E vais continuar assim, até ires até ao fim, até não aguentares mais, até me fazeres gritar. Porque eu vou contigo, vás tu onde fores, como se fosse sugada por ti. Não há escolha: mesmo que eu queira ser livre, há sempre paredes à minha volta a apertar-me, quando tu não olhas para mim. E eu quero gritar-te, bater-te, morder-te, agarrar-te e, depois, exausta, abraçar-te a chorar.
Não. Não quero fechar-me em ti, dentro de ti, como se eu não fosse mais eu.
E então, disse-te para parares e tu não paraste: fizeste da tua voz baixinha, e, sem me olhar nos olhos, prosseguiste nas tuas palavras duras, vazias e carregadas de dor,
a puxar-me,
a sugar-me,
a fechar-me,
dentro e dentro de ti.
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