Um comboio que anda sempre,
sempre à mesma velocidade,
debaixo de um túnel,
luz de uma só intensidade,
as colunas regularmente espaçadas,
todas as janelas fechadas,
é tudo sempre igual.
Vou contando de dois em dois,
ouço sempre os mesmos sons,
nada é original,
é tudo, tudo, sempre igual.
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27/01/13
10/12/12
eu contra mim
Nós não sabemos o que vem.
Queres saber?
A verdade é o que vem no fim,
todo o entretanto são meros palpites.
Não fazemos ideia do que vem,
mas todos queremos saber.
Eu não quero.
Pelo menos todos tentamos adivinhar.
Eu não tento.
Pelo menos todos queremos
que alguma coisa seja a verdade,
todos queremos que alguma coisa esteja para vir.
Ai está o erro.
A vida não é a verdade,
a vida são os entretantos.
Então para quê viver de palpites,
sempre na tentativa-erro?
Isso não é vida!
A vida é só isso.
Se soubéssemos o que vem a seguir,
seria como ver um filme
do qual faríamos parte.
Se estamos condenados a caminhar no escuro,
devo dizer que vou sempre andar com medo.
Não sou desses corajosos que pisam onde não vêem.
Se nunca vou ver o chão, vou passar horas a tentar adivinhá-lo.
Isso não é viver.
Viver é não saber,
e não saber é bom.
Não saber é a maior tortura.
Queres saber?
A verdade é o que vem no fim,
todo o entretanto são meros palpites.
Não fazemos ideia do que vem,
mas todos queremos saber.
Eu não quero.
Pelo menos todos tentamos adivinhar.
Eu não tento.
Pelo menos todos queremos
que alguma coisa seja a verdade,
todos queremos que alguma coisa esteja para vir.
Ai está o erro.
A vida não é a verdade,
a vida são os entretantos.
Então para quê viver de palpites,
sempre na tentativa-erro?
Isso não é vida!
A vida é só isso.
Se soubéssemos o que vem a seguir,
seria como ver um filme
do qual faríamos parte.
Se estamos condenados a caminhar no escuro,
devo dizer que vou sempre andar com medo.
Não sou desses corajosos que pisam onde não vêem.
Se nunca vou ver o chão, vou passar horas a tentar adivinhá-lo.
Isso não é viver.
Viver é não saber,
e não saber é bom.
Não saber é a maior tortura.
21/10/12
revolta dos passarinhos
O silêncio é invisível.
Mas quanto mais alto eu falo
menos me consegues ver.
E se eu não for uma almofada,
talvez me estejas a perder.
Mas quanto mais alto eu falo
menos me consegues ver.
E se eu não for uma almofada,
talvez me estejas a perder.
29/09/12
É fácil esquecer a importância da imprevisibilidade.
É difícil perceber onde está a sanidade.
E se por um lado é um alívio pensar no que temos pela frente,
naquilo que de futuro vai ser o presente,
já não temos forças para andar no escuro
e magoar as pernas nas esquinas pontiagudas.
As horas redondas passaram a bicudas.
Ver o caminho não é mais fácil que tentar tacteá-lo?
Estar de joelhos no chão, pegar no corpo e arrastá-lo?
Queremos sorrir mas esquecemo-nos como.
Como foi que se perdeu tanta gente?
Como foi que se esqueceu a vontade?
Como foi que se foi a verdade?
É difícil perceber onde está a sanidade.
E se por um lado é um alívio pensar no que temos pela frente,
naquilo que de futuro vai ser o presente,
já não temos forças para andar no escuro
e magoar as pernas nas esquinas pontiagudas.
As horas redondas passaram a bicudas.
Ver o caminho não é mais fácil que tentar tacteá-lo?
Estar de joelhos no chão, pegar no corpo e arrastá-lo?
Queremos sorrir mas esquecemo-nos como.
Como foi que se perdeu tanta gente?
Como foi que se esqueceu a vontade?
Como foi que se foi a verdade?
29/06/12
Ouvi dizer que te perdeste,
mas isso já eu sabia.
Quis eu fingir que me perdera
para justificar o desencontro,
mas quem se desencontrou não fui eu.
E se te perdeste
também ela se perdeu,
e isso quer dizer
que finalmente percebi
o porquê do desencontro.
Como podemos viver em paralelo?
Como podemos crer que nos tocámos?
Como posso crer que te conheci?
Como posso fingir que te vi?
Ouvi dizer que te perdeste,
mas nada há de novo aí.
Sempre viveste fora daqui.
E não há nada de especial
em ser especial
e fingir ser igual.
Ouvi dizer que estás perdido,
sei que também ela se perdeu,
talvez um dia vos ensinem
que não há nada de grande em ser pequeno
e nada de corajoso em ser cobarde.
Talvez aí nos possamos encontrar.
24/05/12
Acalma os ânimos,
sustém o medo,
nas voltas que o mundo dá,
vamos e vimos,
e por mais que percamos,
recuperamos,
retomamos,
renascemos e voltamos.
Engole os soluços,
suga o oxigénio do ar,
volta a ti,
volta a ti,
nas voltas que o mundo dá,
não está nada perdido,
nada irremediado,
nada é para sempre
e o sempre não é bom.
Nas voltas que o mundo dá
voltarás sempre a ti
nunca fugirás do teu lugar,
nunca perderás o teu lugar,
o pior que te acontece
é girares sobre ti mesmo.
Por isso morde essa língua tremente,
agarra na minha mão dormente,
porque por mais que percamos,
vamos sempre voltá-lo a ver.
sustém o medo,
nas voltas que o mundo dá,
vamos e vimos,
e por mais que percamos,
recuperamos,
retomamos,
renascemos e voltamos.
Engole os soluços,
suga o oxigénio do ar,
volta a ti,
volta a ti,
nas voltas que o mundo dá,
não está nada perdido,
nada irremediado,
nada é para sempre
e o sempre não é bom.
Nas voltas que o mundo dá
voltarás sempre a ti
nunca fugirás do teu lugar,
nunca perderás o teu lugar,
o pior que te acontece
é girares sobre ti mesmo.
Por isso morde essa língua tremente,
agarra na minha mão dormente,
porque por mais que percamos,
vamos sempre voltá-lo a ver.
19/03/12
Vejo em imagens corridas,
botões de flor que se abrem,
vejo o teu pescoço longo,
os teus olhos em meia-lua.
E que estes dias não se acabem!
Cheiro a tua nuca macia,
enquanto afago os teus cabelos.
Enterras em mim o teu nariz,
inspiras profundamente.
Prendo os minutos, não quero perdê-los!
Mordo os meus braços
para me soltar de mim,
agarras-me com ainda mais força,
obrigas-me a lutar pela paz.
E eu sonho com uma casa sem fim!
botões de flor que se abrem,
vejo o teu pescoço longo,
os teus olhos em meia-lua.
E que estes dias não se acabem!
Cheiro a tua nuca macia,
enquanto afago os teus cabelos.
Enterras em mim o teu nariz,
inspiras profundamente.
Prendo os minutos, não quero perdê-los!
Mordo os meus braços
para me soltar de mim,
agarras-me com ainda mais força,
obrigas-me a lutar pela paz.
E eu sonho com uma casa sem fim!
19/02/12
07/01/12
Quando te vi, arrepiou-me o calor que emanavas,
a felicidade fácil que por entre palavras explicavas,
e quis guardar-me do teu toque magnético.
Quando fugi, queimou-me a confusão do teu silêncio,
assombram-me as dúvidas,
gritaram perguntas, a todo o momento.
E quis guardar-te num livro de memórias,
depois de me explicares quem és.
Quanto te senti, quis ver-te em mim,
quis ter-te aqui,
não quero ver-te fugir.
a felicidade fácil que por entre palavras explicavas,
e quis guardar-me do teu toque magnético.
Quando fugi, queimou-me a confusão do teu silêncio,
assombram-me as dúvidas,
gritaram perguntas, a todo o momento.
E quis guardar-te num livro de memórias,
depois de me explicares quem és.
Quanto te senti, quis ver-te em mim,
quis ter-te aqui,
não quero ver-te fugir.
20/11/11
Circundam-me mortos vivos
que querem comer as paredes do meu estômago.
E arranham-me as pontas dos dedos,
esmagam o meu canal auditivo,
apertam-me o nariz
e tapam-me os pulmões,
esgotam o oxigénio
e não me deixam respirar.
Martelam-me as memórias de outro dia,
como cantigas de sereias
que me querem afogar.
E são como promessas ao contrário,
correntes de ferro,
que me suspendem a centímetros do meu corpo,
e não me deixam entrar na minha cabeça,
me fazem gravitar em torno da minha vida.
E a sensação que tenho é que por um lado sou esmagada dentro de mim,
por outro lado sou expelida de mim própria,
e, enquanto mastigam as paredes do meu estômago,
tudo se banha em sangue espesso,
enquanto assisto aos meus movimentos,
como se estivesse presa do outro lado do espelho.
Tenho saudades dos dias em que as dores eram como penas doces,
porque tudo o que sinto agora são pedras dentro dos pulmões,
e rios por detrás dos olhos.
Tenho saudades dos dias em que não havia passado,
porque tudo o que sou agora é pedaços espalhados na atmosfera.
Quero ter-me de volta,
quero ter-me de volta,
para me poder dar a ti.
que querem comer as paredes do meu estômago.
E arranham-me as pontas dos dedos,
esmagam o meu canal auditivo,
apertam-me o nariz
e tapam-me os pulmões,
esgotam o oxigénio
e não me deixam respirar.
Martelam-me as memórias de outro dia,
como cantigas de sereias
que me querem afogar.
E são como promessas ao contrário,
correntes de ferro,
que me suspendem a centímetros do meu corpo,
e não me deixam entrar na minha cabeça,
me fazem gravitar em torno da minha vida.
E a sensação que tenho é que por um lado sou esmagada dentro de mim,
por outro lado sou expelida de mim própria,
e, enquanto mastigam as paredes do meu estômago,
tudo se banha em sangue espesso,
enquanto assisto aos meus movimentos,
como se estivesse presa do outro lado do espelho.
Tenho saudades dos dias em que as dores eram como penas doces,
porque tudo o que sinto agora são pedras dentro dos pulmões,
e rios por detrás dos olhos.
Tenho saudades dos dias em que não havia passado,
porque tudo o que sou agora é pedaços espalhados na atmosfera.
Quero ter-me de volta,
quero ter-me de volta,
para me poder dar a ti.
12/11/11
vê-me
Não vês os olhos inundados em buracos negros,
não vês os sonhos derramados em pesadelos cegos,
não desemaranhas os nós que crio,
não vês os meus ombros trementes de frio,
não me dás um casaco,
não me acertas o passo,
não me afagas os cabelos nem por um pedaço,
não me acendes a luz do quarto antes de ires,
não me aqueces a cama antes de vires,
não vês os passos quebrados
nem as vezes que caí aos bocados,
não sentes o medo em que foi o meu coração,
não sabes as águas que o afogarão.
Se o medo mata a nossa casa,
são melhores os meus buracos que te dão aflição.
E falta-me o tempo em que eu tinha certezas,
ou que me visses, então.
não vês os sonhos derramados em pesadelos cegos,
não desemaranhas os nós que crio,
não vês os meus ombros trementes de frio,
não me dás um casaco,
não me acertas o passo,
não me afagas os cabelos nem por um pedaço,
não me acendes a luz do quarto antes de ires,
não me aqueces a cama antes de vires,
não vês os passos quebrados
nem as vezes que caí aos bocados,
não sentes o medo em que foi o meu coração,
não sabes as águas que o afogarão.
Se o medo mata a nossa casa,
são melhores os meus buracos que te dão aflição.
E falta-me o tempo em que eu tinha certezas,
ou que me visses, então.
08/10/11
Afogaste-me as lágrimas sem me afogares o medo,
porque ele reside em mim,
e se voo tenho medo de cair,
e se vou tenho medo de não vir.
Agarraste-me o abraço sem me acertares o passo,
porque o balanço não vai esmorecer,
e se te quero tenho medo de não te ter,
se te tenho tenho medo de te perder,
se te perco tenho medo de morrer.
porque ele reside em mim,
e se voo tenho medo de cair,
e se vou tenho medo de não vir.
Agarraste-me o abraço sem me acertares o passo,
porque o balanço não vai esmorecer,
e se te quero tenho medo de não te ter,
se te tenho tenho medo de te perder,
se te perco tenho medo de morrer.
01/10/11
lições
Os mais maciços muros
podem derrubar-se,
as mais sangrentas feridas
podem curar-se,
os mais profundos medos
podem matar-se,
e os mais sós
podem amar-se.
podem derrubar-se,
as mais sangrentas feridas
podem curar-se,
os mais profundos medos
podem matar-se,
e os mais sós
podem amar-se.
15/09/11
Sempre haverão silêncios a separar os meus olhos dos teus,
sempre haverão perguntas abafadas nos meus,
e se a saudade me cantasse a beleza da vida
talvez pudesse então ver-te a cores.
Mas por hoje és preto-e-branco, desfocado,
és longe, distante e calado.
Sinto-me a perder-me a cada minuto corrido.
Onde está a tua mão esquerda
se não a segurar a minha mão direita?
Onde está o teu abraço
se não a calar os meus soluços?
Onde está a tua força leonesa
se não a matar os meus fantasmas?
Sinto-me a perder-me a cada minuto corrido,
mergulhada num lago gelado e encardido.
Se uma árvore tombar numa floresta vazia de pessoas e animais -
sem que haja um cérebro para processar as vibrações ondulares
e transformá-las em palavras -
ainda assim haverá som?
14/09/11
Gostava que visses em mim as palavras que não tens a engasgar-te,
gostava que visses em mim as cordas que não tens a prender-te,
e que por um minuto eu te engasgasse e te prendesse,
te fizesse perder o ritmo,
baralhasse esse teu samba social,
que fosses fraco, por mim.
Gostava de te ter como tinta fluorescente a correr nas minhas veias,
de ter fios presos aos teus pensamentos,
de te sentir sempre preso aos meus pensamentos,
que derrubasses as minhas verdades mascaradas de dúvida,
que fosse fraca, por ti.
Mas estamos escondidos atrás dos nossos muros seguros,
estamos tão agarrados aos nossos muros seguros
que eu não chego a ver-te
e tu não chegas a olhar para mim.
gostava que visses em mim as cordas que não tens a prender-te,
e que por um minuto eu te engasgasse e te prendesse,
te fizesse perder o ritmo,
baralhasse esse teu samba social,
que fosses fraco, por mim.
Gostava de te ter como tinta fluorescente a correr nas minhas veias,
de ter fios presos aos teus pensamentos,
de te sentir sempre preso aos meus pensamentos,
que derrubasses as minhas verdades mascaradas de dúvida,
que fosse fraca, por ti.
Mas estamos escondidos atrás dos nossos muros seguros,
estamos tão agarrados aos nossos muros seguros
que eu não chego a ver-te
e tu não chegas a olhar para mim.
16/08/11
dia sim, dia não
Às vezes és uma brisa refrescante,
és água morna onde flutuam os meus cabelos,
és raios finos de sol nascente,
és música
e um abraço quente.
Outras vezes és um garrote sufocante,
és areia escorregadia que me foge pelos dedos,
és palavras de mel de que quero fugir,
és dúvida,
és eu a cair.
és água morna onde flutuam os meus cabelos,
és raios finos de sol nascente,
és música
e um abraço quente.
Outras vezes és um garrote sufocante,
és areia escorregadia que me foge pelos dedos,
és palavras de mel de que quero fugir,
és dúvida,
és eu a cair.
13/08/11
Perdes-te no som tremido
do meu pulsar cardíaco,
escondes-te no magnestismo das palavras
que me ouves sussurrar.
És como uma rocha firme
à mercê do meu mar.
Pois, alguma vez pensas em mim
antes de adormecer?
Nunca perdeste pedaço de ti.
Saberás o que é morrer?
Não sabes o que é a morte do coração,
nem o sufoco nos pulmões
à minha despedida.
Mel, só conheces mel.
Quero dar-te a provar o acre sabor da derrota.
Não quero ferir-te,
não quero perder-te,
mas quero saber até onde vão
os elásticos presos à tua mão.
do meu pulsar cardíaco,
escondes-te no magnestismo das palavras
que me ouves sussurrar.
És como uma rocha firme
à mercê do meu mar.
Pois, alguma vez pensas em mim
antes de adormecer?
Nunca perdeste pedaço de ti.
Saberás o que é morrer?
Não sabes o que é a morte do coração,
nem o sufoco nos pulmões
à minha despedida.
Mel, só conheces mel.
Quero dar-te a provar o acre sabor da derrota.
Não quero ferir-te,
não quero perder-te,
mas quero saber até onde vão
os elásticos presos à tua mão.
06/08/11
09/07/11
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