Não vês os olhos inundados em buracos negros,
não vês os sonhos derramados em pesadelos cegos,
não desemaranhas os nós que crio,
não vês os meus ombros trementes de frio,
não me dás um casaco,
não me acertas o passo,
não me afagas os cabelos nem por um pedaço,
não me acendes a luz do quarto antes de ires,
não me aqueces a cama antes de vires,
não vês os passos quebrados
nem as vezes que caí aos bocados,
não sentes o medo em que foi o meu coração,
não sabes as águas que o afogarão.
Se o medo mata a nossa casa,
são melhores os meus buracos que te dão aflição.
E falta-me o tempo em que eu tinha certezas,
ou que me visses, então.
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