03/05/10

É bom caminhar por entre as pessoas e sentir que o mundo é nosso, como na Primavera. E, depois, olhar para o céu e ver que somos pequenos, bem pequeninos, que podíamos todos viver numa nuvem e ainda sobrava espaço. De repente, deixamos de nos sentir tão importantes e é aí que gritamos mais alto, para ver se alguém nos ouve. Há dias em que há lágrimas, mas as lágrimas são mais para nós - são pedacinhos das nossas nuvens que condensam e gotejam pelos nossos olhos. E, oh, quando nos sentimos pequenos, não há nada como um abraço que nos faça sentir grandes o suficiente para preencher a distância. E quando não há abraço? Temos comida e roupas e sapatos e acessórios, coisas que comemos, compramos, consumimos, sem nunca serem suficientes – somos grandes, nunca nos enchemos. O verdadeiro problema é que não temos sempre o mesmo tamanho. Nuns dias sentimo-nos maiores, noutros dias sentimo-nos encolhidos. E, sendo assim, como é que podemos saber o nosso verdadeiro valor? É que uma coisa é o que sentimos que somos outra coisa é o que somos. Ou não? A verdade é que, a forma como os outros nos vêm não nos diz nada: ao olhar nos olhos dos outros, acabamos sempre por ver neles o nosso reflexo. É falácia, culpar os outros pelo nosso eu. Nós só somos eu, dentro de nós. Fora de nós somos ele ou ela. Bem, mas isso agora não interessa. É que hoje está sol! Sentes os raios de luz a aquecer-te o rosto? De que nos vale o pensamento agora?

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