05/12/10

Estou cheia de histórias para contar, sobre todas as pessoas do mundo. Sei todas as histórias de toda a gente, de todos os lugares, e tenho-as todas guardadas na minha cabeça. E tenho de as contar. Mas, mesmo que o tempo não me fugisse (e o tempo não foge, escasseia), não podia contá-las. Sempre que tento escrevê-las acabo por só conseguir falar de mim e nunca das outras pessoas do mundo. Há um bocadinho de mim em cada personagem de cada história e o mundo não sou eu. Sei as histórias de todas as pessoas, mas essas histórias estão como que disformes, pairando pesadas, sempre muito pesadas, como pesado é o pensamento e a visão. E não lhes consigo dar forma.
Talvez um dia o tempo cresça e uma hora volte a ter sessenta minutos, e sessenta minutos voltem a ter muitas histórias. Por enquanto, o mundo pesa-me em histórias que se vão empurrando umas às outras, à espera de serem contadas.

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