13/01/11

Ela disse-me que se ele lhe tivesse pedido, não, não lhe dava. Nem pensar, as pessoas têm limites. Têm não têm? E eu respondi-lhe que os limites existem, mas são ténues. E ela sorriu e disse baixinho: Então tu já passaste dos limites? E eu não respondi. Que pergunta estúpida, tu nunca passas dos limites. Ela não gostava de silêncio, percebes? Sempre que havia silêncio ela dizia alguma coisa para o preencher. Há pessoas assim, que parece que têm medo de parar de falar porque não querem ouvir os seus pensamentos. Não. Não? Respondi-lhe que não, mas há-de chegar o dia. Então mas ultrapassar os nossos limites por alguém é mau?, perguntou-me. E eu não soube o que lhe responder. Então ela pensou por uns segundos e depois, muito séria, disse: Se tu fazes algo que consideras fora dos teus limites é porque esses não eram verdadeiramente os teus limites. E eu sorri e respondi-lhe que sim, porque há coisas que nunca fazes por ninguém. Não, não, há coisas que nunca fazes por algumas pessoas, mas há sempre alguém por quem fazes tudo. E depois ficou triste, certamente porque pensou que se não faria tudo por ele, se havia limites, então não havia amor. E eu percebi o que a atormentava e prontamente acorri: Sabes que também tens de pôr limites, mesmo que sejam ténues, porque tu também mereces ser amada por ti mesma. E ficámos sem chegar a nenhuma conclusão.

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