25/01/11

Se calhar não estava preparada para andar por aqueles sítios, mas nunca fui de deixar de ir por ninguém, e não o ia fazer agora que nem sequer há alguém. Pois bem, as nossas ruas estão cheias de estranhos. E sabes como eu fico sempre nostálgica à noite, e posso dizer que hoje quase tive de engolir as lágrimas. Cada passo que dava havia uma memória prestes a ocupar-me a cabeça, acho até que eu é que as chamava a mim. Estava a testar-me. E doeu, mas não doeu muito, ou pelo menos não demasiado. Lembrei-me de várias momentos, lembrei-me de nós sentados nos bancos do Rossio, e de nós a descer a rua depois do almoço, e de como eu ia sempre de costas porque tu estavas sempre a abraçar-me. Lembrei-me de me rir muito, e nas minhas memórias estava sempre sol; apesar de muitas das coisas se terem passado à chuva, nunca me lembro de ter sentido frio ou desconforto. Lembrei-me de estar feliz, muito feliz. Doeu. Mas não doeu demasiado. E se me perguntasses se voltava atrás, não voltava. Mudei. Se antes vivia pelo passado, agora toda a minha vida se orienta pelo futuro. Tenho andando como que meia dormente, sem me prender muito ao momento, e sempre a querer amanhã, amanhã, amanhã. Verão, pela primeira vez quero o verão. Mudei, hoje foi só um teste. E, pois, ainda tens o bocado de meu coração que te dei, mas a minha cabeça não te quer mais dentro dela.

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