17/06/11

Fodasse, menti. Achei que tinha ganho corpo, que tinha ganho cabeça, mas só perdi foi coração. Perdi tanto coração neste caminho. Perdi certezas, perdi vontade, agora vivo de vontades. Criei uma bolha à volta das dores e achei que tinha ganho maturidade. Mas o que ganhei foi máscaras. Disfarces para a dor, disfarces para o medo. Fundamentalmente para o medo. Agarrei-me às pequenas coisas e deixei de ver as coisas grandes. Agarrei-me às pequenas verdades e deixei de procurar as grandes verdades. Perdi o sentido do correcto e coloquei o alegre no seu lugar. Se me faz sentir bem, é bom. O mau é o que me faz sentir mal. Fodasse, perdi-me. Algures dentro de mim ainda mora um coração efervescente, que procura umas mãos onde bater. Que acredita que pode cair num lugar quente e seguro e ser feliz. E hoje sinto-o bater. Mas, fodasse, dói. Dói mesmo. E eu menti-me. Menti-me com tanta convicção que pensei genuinamente que tinha ganho corpo e cabeça. O que perdi foi o meu coração inocente. Em troca de alegria, pois claro. Só para aguentar os dias. Mas e se eu agora quiser um abraço que me faça sentir em casa, outra vez? Tenho medo. Fodasse.

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