20/02/12

Crescer é deixar de ter medo que monstros nos ataquem a meio do sono, para nos tornarmos nós próprios esses temidos monstros, martelando e massacrando as nossas cabeças exaustas, deitadas no cume dos nossos corpos esgotados, para sempre, sem podermos de nós mesmos fugir. Crescer é deixar de nos perguntarmos quem somos e onde pertencemos, para passarmos a negarmos peremptoriamente as conclusões a que chegámos sobre nós mesmos. Crescer é trocar o sabor da simplicidade de um momento de pura alegria pela agonia desesperante de um momento de pura insatisfação. Crescer é desistir a pouco e pouco de encontrar um sentido para a perpétua e até risível injustiça da vida e concluir que nenhuma ordem moral jamais habitará na aleatoriedade dos factos. Crescer é ganhar controlo sobre a nossa própria vida e perceber que pouco da vida está sujeito ao nosso controlo. Crescer é bater com a testa num vidro duro e gelado de uma montra baça e ser finalmente forçado a encarar o que está do lado de lá.

1 comentário:

Mariana Ambrósio disse...

Não podias ter deixado melhor definição de crescimento. Com tudo isso, nem apetece crescer, por vezes.