your hand in mine
26/08/13
30/03/13
sempre sempre sempre
Estou infinitamente cansada de tudo o que foi e temerosamente expectante com aquilo que vem. Talvez não me saiba explicar: estou sempre à procura de alguma coisa. Não só das coisas pequenas que perdi, mas das coisas grandes que me fazem falta. Vai sempre haver uma coisa grande a fazer falta, resta saber quando é que me vou fartar de procurar. (Quanto mais comes mais o estômago dilata? Comes muito e ficas cada vez com mais fome?) É muito triste ser assim. Estou sempre infinitamente cansada do que é, e incansavelmente desejosa do infinito. E daquilo que já foi? Dói-me no fundo, sim. Não posso negar que sou mais saudosista do que futurista. Provavelmente, o que de grande me faz falta é algo pequeno que perdi. Estou sempre à procura de uma casa quente, com uma lareira enorme, porque uma vez tive tanto frio que nunca a memória o vai esquecer.
26/03/13
aos vaidosos:
É bom andar descalço em terra fria e deitar no chão a sentir o sol. É bom sair de casa sem fazer a cama. É bom comer sem fazer caretas. É bom deixar o prato na mesa, as pantufas fora do armário e o livro aberto em cima da cama. É bom guardar as botas gastas e as caixas usadas. É bom andar despenteada e sem as unhas arranjadas. Comer chocolates sem remorsos. Beber vinhos maus, ter lençóis feios e as capas dos livros dobradas. É bom sorrir a toda a gente. É bom não ficar contrariada com cada areia no sapato nem amuar se chover em cima do cabelo.
06/02/13
08.01.2012
Não havia, para ela, lugar de maior encanto (de entre os poucos lugares que conhecia dos infinitos existentes no planeta terra) que a sala de cima da casa dos avós. Praticamente intocada ao longo do ano, era dominada por uma quietude permanente interrompida apenas pelas vassouradas da avó no primeiro sábado de cada mês, que pouco efeito tinham no combate à espessa e quieta camada de pó que repousava sobre tudo. E era assim que mais gostava dela. Assim, escura, fria e húmida, ausente de pessoas, como um lugar de outros tempos. Assim e não como no domingo de Natal, cheia de cheiro a doces e assados e gargalhadas de pessoas. E assim, quieta e escura, transportava-A para um passado que não vivera. E, enquanto deitada no sofá verde-musgo, olhava para o candeeiro do tecto que imitava flores em cacho, pensava: quero ser este passado que nunca tive mas que se inscreve em mim como memórias reais de outros tempos. Como se eu tivesse vivido toda a história recente do meu país, como se tivesse ficado inscrita no meu ADN, gravada em impulsos eléctricos cerebrais. Quero reencarnar essa parte morta de uma vida minha que não vivi. De uma vida minha que é dos meus avós. E ser o meu país todo ao mesmo tempo.
27/01/13
26/01/13
«It feels like we’re ready to crack these days, you and I. When it’s just the two of us, only the two of us, I could die. You left my heart like an abandoned car, old and worn and no use at all, but I used to be free. We’re gonna separate ourselves tonight, we’re always running scared but holding knives. But there’s a black chandelier, it’s casting shadows and lies»
20/01/13
You're up and you'll get down, you're never running from this town. And I think you said you'll never get anything better than this, 'cause you're going round in circles
and everyone knows you're troubled. 'Cause you read it in a big book and now you're giving me the look, look, but just remember how we shook, shook and all the things we took, took. This town is the oldest friend of mine.
23/12/12
10/12/12
Audácia, ambição ou obsessão?
Mais um pouco. Mais. Não chega. É de menos. Não é bom, não é ótimo, não é perfeito. Tem falhas, tem faltas. É de menos. Não quero. É oito e eu só quero oitenta. Oitenta ou zero. Oitenta ou nada. Sempre mais. Se é oitenta, quero noventa, se é noventa, quero dois mil. É de menos, é feio, é pequeno, é frio, é imperfeito. Quero mais. Mais um pouco, é sempre preciso mais um pouco. Assim não chega, assim não está bem. Se não está bem, não quero.
eu contra mim
Nós não sabemos o que vem.
Queres saber?
A verdade é o que vem no fim,
todo o entretanto são meros palpites.
Não fazemos ideia do que vem,
mas todos queremos saber.
Eu não quero.
Pelo menos todos tentamos adivinhar.
Eu não tento.
Pelo menos todos queremos
que alguma coisa seja a verdade,
todos queremos que alguma coisa esteja para vir.
Ai está o erro.
A vida não é a verdade,
a vida são os entretantos.
Então para quê viver de palpites,
sempre na tentativa-erro?
Isso não é vida!
A vida é só isso.
Se soubéssemos o que vem a seguir,
seria como ver um filme
do qual faríamos parte.
Se estamos condenados a caminhar no escuro,
devo dizer que vou sempre andar com medo.
Não sou desses corajosos que pisam onde não vêem.
Se nunca vou ver o chão, vou passar horas a tentar adivinhá-lo.
Isso não é viver.
Viver é não saber,
e não saber é bom.
Não saber é a maior tortura.
Queres saber?
A verdade é o que vem no fim,
todo o entretanto são meros palpites.
Não fazemos ideia do que vem,
mas todos queremos saber.
Eu não quero.
Pelo menos todos tentamos adivinhar.
Eu não tento.
Pelo menos todos queremos
que alguma coisa seja a verdade,
todos queremos que alguma coisa esteja para vir.
Ai está o erro.
A vida não é a verdade,
a vida são os entretantos.
Então para quê viver de palpites,
sempre na tentativa-erro?
Isso não é vida!
A vida é só isso.
Se soubéssemos o que vem a seguir,
seria como ver um filme
do qual faríamos parte.
Se estamos condenados a caminhar no escuro,
devo dizer que vou sempre andar com medo.
Não sou desses corajosos que pisam onde não vêem.
Se nunca vou ver o chão, vou passar horas a tentar adivinhá-lo.
Isso não é viver.
Viver é não saber,
e não saber é bom.
Não saber é a maior tortura.
14/11/12
Gostava de saber o que é ser uma pessoa apenas, e sentir apenas uma coisa de cada vez. Gostava de saber o que é preciso fazer para deixar de sentir tudo ao mesmo tempo, numa tal desordem que parece no fundo que não estou a sentir coisa nenhuma. Gostava de saber porque é que tudo na vida é tão frágil, porque é que quase nada é gradual e quase tudo é repentino. Gostava de saber porque é que tudo acaba, porque é que tudo é difícil, porque é que tudo há-de doer. Gostava de saber como é acreditar, confiar, ou então nem pensar. Sim, gostava de saber como é não ter de pensar. Gostava de poder não existir às vezes, porque desistir dói tanto mais do que o vazio. Gostava de saber o que é que vai acontecer, mas apenas se isso for algo de bom. Gostava de saber o que fazer. Gostava de saber o que te dizer. Gostava que soubesses o que me dizer e fizesses alguma coisa por mim. Gostava de meter a vida em pausa, para voltar a mim. Às vezes as coisas andam depressa demais e eu fico presa a momentos que já passaram há muito tempo. Gostava de poder acompanhar o ritmo da vida. Gostava de saber o que é que eu sinto e o que é que eu sei. E porque é que os meus pensamentos são o meu maior tormento, porque nem me deixam dormir nem me deixam estar acordada. Gostava de saber porque é que não consigo estar contigo nem consigo estar sem ti.
05/11/12
até ao fim (ou momento de auto-aprendizagem)
Que há para temer? Só temos de sugar tudo até ao tutano, porque aceitamos que tudo acaba e queremos aproveitar o seu máximo. Só temos de beber cada gota, pisar todas as pedras, dar todos os beijos, rir todas as vezes e aceitar que tudo acaba, nada durará para sempre. Mas enquanto durar nada temos para temer, desde que mastiguemos cada pedaço, choremos cada lágrima, sintamos todas as dores. E depois quando chegar ao fim ao menos vivemos tudo
por completo. Nada acaba antes de ter de acabar, e nada dura mais do que tem de durar. Então para quê andar enganado a procurar o infindável? Quanto mais coisas acabarem, mas coisas novas começarão.
28/10/12
Quando aquilo que precisas é aquilo que te faz sofrer
Se calhar é porque sempre vi tristeza à minha volta. Lembro-me bem do que é estar triste, ser triste. Sei bem o que é esse nó na garganta, esse sentimento de abandono. É me tão familiar, é quase a base de tudo. E se calhar é por causa disso que precisei de ti, e se calhar é por causa disso que agora já não preciso. Porque - não sei o que se passa - tens transformado a minha tristeza em raiva com toda a tua raiva. Estou tão cansada de ti, de mim, de nós dois juntos. Estou mesmo cansada, até ao fundinho de mim, e chega uma altura em que o cansaço vence tudo. Tenho tido tanta vontade de dormir horas e horas, não quero acordar nunca. Para quê estar acordada? Que sentido faz viver os dias a querer sair de mim? Que sentido faz viver os dias num misto de te querer abraçar e não suportar os teus abraços? Costumavas fazer-me querer agarrar-me bem a mim, para poder estar toda contigo. Agora só me fazes querer fugir. De mim e de aqui. Estou tão cansada e desiludida. Sinto-me sozinha outra vez.
Não tarda muito vais ver-me fugir.
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