08/12/09

Estou sempre à beira de um poço.
É fácil empurrar-me:
Basta uma palavra;
Basta um momento;
Basta um pensamento.
Estou sempre à beira de um poço,
Sempre em queda iminente,
Sempre em estabilidade frágil.
E o meu poço não é um lugar feliz:
É escuro, é frio, é silencioso
E, sobretudo, está longe de ti.
Acredita: eu tento sair do poço,
Eu luto, eu salto, eu escalo,
E, sim, às vezes consigo ver o céu
Sentada no chão frio do meu poço,
E sinto-me melhor;
Mas uma vez que caí,
Demoro muito tempo a sair dele.
As paredes acabam por ceder,
Acabam por desaparecer,
E eu acabo por voltar ao Mundo,
Mas uma vez que caí,
Demora sempre muito tempo.

7 de Dezembro de 2009