06/12/09

Como um elefante numa loja de porcelanas

Tenho um pedaço de vidro na minha mão,
Um pedaço de vidro bem quente,
Um pedaço de vidro cheio de luz.
E guardo-o sempre entre os meus dedos,
Seguro-o firmemente,
Mesmo quando fica tão quente que queima.
Mesmo quando fica tão brilhante que ofusca.
Mesmo quando fica sem calor.
Mesmo quando fica sem luz.
É em forma de esfera e é pequeno,
Mas enche toda a minha mão.
É sólido, firme, consistente,
Mas é frágil,
É tão delicado que o meu maior medo é quebrá-lo:
Apertá-lo com tanta força e desfazê-lo
Ou deixá-lo cair no chão;
Despedaçá-lo.

E o pedaço de vidro na minha mão
É aquele me deste, é teu.
E eu conheço-me bem o suficiente
Para saber que não conseguiria viver
Sem ter esta luz entre os meus dedos,
Sem sentir o calor na minha mão.
Então, o meu maior medo é magoá-lo,
Fazer-lhe perder o brilho,
Roubar-lhe a luz,
E segurar entre os meus dedos
Um mero pedaço de vidro,
Que não tem nada de ti.

6 de Dezembro de 2009

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