As horas andam a passar muito rápido,
Agora que começou a Primavera.
O tempo é a força maior do universo.
O tempo vence tudo:
A maior das felicidades,
A mais profunda das dores,
A ausência, a presença,
O calor e o frio.
Tudo é tomado pelo tempo,
Tudo é ultrapassado pelo tempo.
Lembro-me de a ver sentada no parapeito da janela,
Abraçada ao peito para não deixar fugir o coração,
Ou o que ele guardava.
O amor era o mais precioso dos seus tesouros,
Mas o amor é fraco e perecível
Quando confrontado com as horas.
O relógio tiquetaqueava baixinho:
O tempo – uma presença constante,
Um avanço que persiste,
Um monstro que consome.
Mas o relógio era pequeno,
E tiquetaqueava baixinho
Nessas manhãs solarengas
Em que ela olhava para a rua sem ver nada.
Ela dizia-me para sentir tudo ao máximo,
Puxar os sentimentos para fora
Para os puder sentir na pele,
Porque um dia eles iriam embora.
E, no mesmo gesto com que proferia o ponto final,
Empurrava o relógio pelo parapeito a baixo
Para ele deixar de tiquetaquear.
É o maior dos sufocos, o de ouvir as horas a passar.
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