03/08/10

Ver-te ao contrário

Ver-te assim empacotada
Como uma boneca para vender,
À espera que te peguem
E te levem
E te dêem amor,
É ver-te ao contrário.
Nunca te ensinaram
Que não se vende amor,
Nem se dá amor
Nem se pede amor?
O amor tem-se ou não se tem
E recebe-se sem se pedir.
Sai da prateleira
Porque não é a vender-te,
Embonecada,
Embrulhada,
Arrumada numa caixa transparente,
Que vais encontrar amor.
E não me digas que não o procuras,
Que os teus lábios em forma de coração
Não desejem sentir outros suaves,
Que os teus cabelos prateados
Não desejam deslizar entre dedos que não os teus,
Que as tuas mãos compridas
Não desejam percorrer um peito palpitante.
Para que outro efeito terias lábios, cabelos e mãos?
Tudo o que tens quer amor,
Tudo o que és quer amor.
E ver-te assim
Sem amor
É ver-te ao contrário.

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