14/01/11

Eterno retorno.

Ando cega.
Quando temos os olhos vendados,
Andamos em círculos.
Recalcamos o mesmo piso
Infinitas vezes
E infinitas vezes caímos
Sempre nos mesmos sítios
E a dor é sempre a mesma
Multiplicada por si mesma
Trezentas vezes.

Foram precisas trezentas vezes
Para reconhecer os monstros que saltam das paredes
E os gritos que martelam nas janelas
E a chuva, sempre a mesma,
Andando em círculos também.
E depois de trezentas vezes a andar a volta
Parei, e olhei-me ao espelho.
E vi.

Não me reconheci debaixo desta mágoa toda,
Porque de todas as vezes que me tinha doído
Nunca antes tinha deixado de ver.
Estou cega. Estava cega.
Andar em círculos eternamente
É para os cegos.

Chega.
Agora chegou a altura de andar em linha recta.

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