08/02/11

Nunca quis tanto o verão. E, oh, eu lembro-me quando toda em era palavras melodiosas para ouvir em dias de chuva ou vento gelado na cara, com piano dramático como som de fundo. Eu lembro-me da beleza que eu via em asas negras e olhos sangrentos, corações apunhalados, todas estas imagens que eu era, porque ninguém me via, nem ninguém via como eu. Só ela. E depois o mundo ficou complicado e a beleza do frio e da escuridão perdeu-se algures entre promessas de noites aconchegadas e entre o desespero por noites de calor. E no fim de uma tempestade sem ar e sem chuva e sem vozes, que foi esta, agora tudo o que flutua é belo, tudo o que tem cores é belo, tudo o que me tirar de dentro de mim, é belo. Mas não te enganes, porque eu ainda sou eu. Mas desta vez quero o verão.

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