28/03/11

Tu nunca deixaste de ouvir de mim. Nem nunca vais deixar de ouvir de mim. E é isso que te faz mal, não é? Como eu continuo a aparecer-te à frente quando querias viver como se eu não existisse. E esforças-te tanto para fingir que eu não existo que chegas a acreditar que é verdade. E assim és feliz. Então ainda bem que és feliz, porque, sim, para mim sempre foi muito importante a tua felicidade. Tanto que às vezes esquecia-me o quanto infeliz me fazia lutar por sorrisos teus que sempre tardavam. Mas tão cedo não vais deixar de ouvir de mim. E gostava de poder dizer que o dia em que eu deixar mesmo de existir não vai ser o dia em que vais começar a respirar melhor. Mas vai. E tudo porque gostas de fugir, de te esconder, e um dia cometeste o erro crasso de me deixar entrar na tua fortaleza. Até me cuspires, como uma febre. E o problema é que não pudeste deixar de ouvir de mim.

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