28/05/11

ao que sabe o outro lado do amor

Atiraram-me para a piscina sem eu saber nadar e eu nadei. Sabes? O que dizem e o que vêem não é a verdade. Eu não sou de verdade. E sei a verdade, sei a razão, sempre fiz o correcto. Mas o calor tem me impelido para  errado. É arderem-me as pernas e caminhar para o errado. Experimentei isso. Nunca tinha cedido a passar para o outro lado, porque desde sempre estou aqui. Mas atiraram-me para a piscina sem eu saber nadar e eu nadei. Pois se o ar nos falta, fazemos o quê? Há que espernear. E depois as correntes fortes levam-nos. E cansei-me. De ficar parada? De ficar fechada. Presa. Prendiam-me. Eles, sim, eles prendiam-me. E afinal eu sou maior. Afinal até nado bem, ora vê. E a nadar também consigo ver as margens, posso ir lá ter quando quiser. Posso, posso. Dizem e vêem os meus sorrisos. As covinhas nas bochechas, o cabelo macio. É o que sentem. Sorrisos e alegria. Não é bem a verdade. Mas é o mais de verdade, agora. Só que o calor tem me impelido para o perigoso. Não quero estar mais fechada nas gaiolas do politicamente correcto. Porque tenho fogo no peito e vontade de gritar. Só porque sim. E tenho medo do silêncio, e tenho precisado de toque. É muita confusão aqui dentro e quero abracinhos calorosos. E tu és quente. Aí está. Fazes-me querer ficar do outro lado, solta das barreiras mentais. Portanto, quero um beijo teu. Mas não quero mais nada.