12/07/11

Não podes fugir de ti quando sugam toda a luz do mundo e ficas preso em cobertores, e o teu quarto se transforma num cárcere em paralelepípedo cheio de um silêncio pesado que te grita aos ouvidos tudo o que fizeste por abafar ao longo dos dias. Condenado ao silêncio, não podes fugir de ti e começas a comer-te por dentro, arranhas os muros dentro da tua mente com as palavras que não consegues calar, repetidas ao infinito na mesma cadência, como martelos, como agulhas, como pedras. Chutas o coração para que te doa menos a cabeça. Porque não podes fugir de ti nem do silêncio nem da escuridão e nem a música alta consegue desfazer esse nó de culpa e de medo que sentes no momento em que decides apagar a luz. Quando és a tua própria prisão, quando cais na tua própria armadilha, quando és o teu próprio fantasma, não podes fugir de ti. Amanhã falo contigo. Amanhã, amanhã, amanhã.

2 comentários:

Anónimo disse...

gosto, como gosto do blogue e estou a seguir :D

Anónimo disse...

oh :) não é preciso*