24/08/11

Vejo-os embrenhados no seu amor infantil e lembro-me como eu própria mergulhei nessa inocência. Parece que foi há muito tempo, mas também sabe a memória de ontem (e isto anda a acontecer-me frequentemente). Vejo-os e sei que quero sentir outra vez o formigueiro na barriga dos telefonemas à noite, a vontade de fotografar as mãos dele, os lábios dele, os olhos dele. Sei que quero escrever coisas cor-de-rosa no meu caderninho,  que quero sonhar em dormir nos braços dele, que quero sentir-me leve e ser sorrisos, sorrisos, sorrisos. Sei que é isso que quero, mas sinto que dele não vou ter nada disso. Faz-me sentir pesada e não leve, quente e não fresca, velha e não criança. Sei também que não posso esperar sentir a mesma coisa outra vez, porque é de fonte segura que ouço que a mesma coisa não se sente da mesma maneira duas vezes. Mas e então como é que eu sei que é amor? Como é que eu reconheço algo cuja representação é em mim tão errada? Talvez não consiga ver nada porque tenho os olhos enevoados de lágrimas e a cabeça obscurecida de pensamentos. Talvez não haja nada para ver. Talvez eu não queira ver. Ando à procura de algo que não vai voltar, sem ter a consciência de que quero de volta algo que a razão nunca quis que regressasse. Claro que me lembro das coisas más. A razão lembra-se, mas o coração não. Estou perdida. Estou perdida? Estou cansada de estar perdida. Não posso dizer o que quero nem o que não quero porque sinto que perdi a vontade. Acho que deixei o coração lá atrás, acho que morreu o amor dentro de mim. É tudo passado. E o futuro? Foram mais de oito meses a suster a respiração à espera que chegasse o futuro, e quando o futuro chegou descobri que não estava pronta para ele.

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