24/12/11

quem nos levou o natal?

Arranha a pele da ponta dos polegares e sonha com o dia em que vai ser grande e não vai ter medo de dormir sozinha. Fecha os olhos com muita força até lhe doerem as córneas. Não posso abrir, não posso abrir, não posso abrir.  Abre-os outra vez e, a medo, cede: não há monstros à minha espera. Pensa em gritar pela mãe só para testar a facilidade da comunicação e a relação tempo/distância entre a sala e o quarto. Mas desiste da ideia quando se lembra do Pedro e o Lobo. Lamenta de si para si o medo do sono logo hoje. Olha para o relógio, é quase meia noite. Pensa que em breve o escuro se vai apoderar dela e o medo será tão grande que não haverá como evitar levantar-se da cama e caminhar lentamente até à sala: o caminho da derrota. E a ideia do medo que virá cresce tanto que tem de ligar a luz antes mesmo de os seus olhos se habituarem à escuridão. Respira fundo, agarra a almofada, deixa a luz ligada e decide que está calma o suficiente para dormir. Porque amanhã é Natal e nada de mau acontece no Natal.

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