05/10/09

Do Abismo (e outros demónios)

O chão que sempre foi firme
Cede agora, debaixo de mim,
E sinto-o a desfazer-se em pedrinhas pequeninas.
Talvez devesse voltar atrás,
Sair daqui antes que me afogue,
Mas olhando para o infinito do Abismo,
Parece-me estranhamente delicioso.
E o que mais quero é mergulhar.

O chão que sempre foi firme
Vai sumindo debaixo dos meus pés.
E agora sei que não posso voltar atrás:
Alguma força me atrai para este lugar
E olhando para o infinito do Abismo
Parece-me estranhamente tentador.
E não me consigo forçar a caminhar.

São as tuas palavras.
Elas cantam-me e embalam-me
E atraem-me para o Abismo.
E não quero voltar atrás,
Não consigo voltar atrás.
Quero mergulhar: perder a razão e o sentindo,
Perder o chão debaixo dos meus pés.

São as tuas palavras,
Docemente, declaradamente,
A empurrar-me para o Abismo.
E o chão que sempre foi firme
Desaparece debaixo de mim.

Mergulhada no Abismo
Sei que só as tuas palavras me fazem flutuar
Me mantêm acima do chão,
Me impedem de cair.

3 de Outubro de 2009

1 comentário:

Rafaela disse...

ai ai inês, ai ai! :DDDD