Não se ouve absolutamente nada,
Excepto o suave burburinho das folhas das árvores
A roçar umas nas outras, à mercê da brisa.
Nenhum corpo nas ruas. Ninguém.
Não se vê absolutamente ninguém,
Excepto eu, sentada no degrau das escadas,
Eternamente à espera de ver alguém.
E já me tenho habituado a este silêncio,
A esta permanente ausência de companhia.
Vou falando para mim mesma
E vou-me ouvindo.
Vou-me vendo a mim mesma
E sou-me vista.
E continuo a ouvir as folhas a balançar,
Atenta, perscrutando o meu ar,
Eternamente à espera de ver alguém.
Mas sou só eu nesta cidade.
Sozinha, neste lugar.
Um lugar que vive apenas dentro de mim,
Um lugar que sou eu mesma,
Um lugar que os mais ausentes
Chamam de Cidade Fantasma.
26 de Agosto de 2009