20/01/10

Tempestade de fogo

Tenho fogo na garganta
E dói-me a arder.
Por isso é que eu grito, sabes?
Para expulsar o fogo.
Tu gritas também,
E os teus gritos são como oxigénio:
Fazem o fogo crescer.
Então, grito mais alto.
O fogo traz-me lágrimas,
Choro descontroladamente.
Estou a afogar-me em fogo e lágrimas.
Não consigo respirar,
O ar não chega aos meus pulmões,
Sinto-me consumida,
Sufocada,
Perdida.
Depois vem o ódio.
O fogo que começou na garganta
Arde no corpo todo,
E eu odeio-me.
Odeio-me tanto por ser fraca,
Por alimentar o meu fogo
E gritar.

Esgotam-se os gritos,
E agora vês-me como eu sou:
Pequena,
Uma criança
Diminuída pelo fogo.
Os meus gritos são de apelo:
Faz o fogo apagar-se.

Sinto-me tão zonza.
Já não consigo pensar.
Sentada no chão frio
Tento agarrar a minha mente
E voltar a ser grande.

Eu não aguento mais.
Não aguento mais.

Porque é que o fogo acende logo?
Porque é que custa tanto a apagar?

2 comentários:

Li... disse...

Lindo poema, mal sei o que dizer.

Maru disse...

Ainda bem que gostaste =)

amei o poema =D e eu não sou muito fã de poesia, mas o teu li até ao fim, viciou_me x)