Disse-lhes que ia escrever uma história,
talvez a minha, ou uma variação,
e prometi-lhes que não ia ter muitas lágrimas.
Mas o certo é que sempre gostei
de histórias de banhar os olhos,
tu sabes.
Sabes?
Porque o mundo não é feito de amor,
é feito de egoísmo -
e as nuvens escuras são sinal disso.
Todos temos dias maus
em que tudo o resto está contra nós.
E que arrogância esta de pensar que o mundo
se divide em “nós” e em “tudo o resto”!
Tu sempre percebeste isto melhor que eu.
Explicas-me?
Quantas vezes nos perdemos em pensamentos,
mergulhamos em sentimentos,
e tentamos explicá-los por palavras.
Quantas vezes nos escondemos atrás das portas,
procuramos escutar o que não nos dizem,
e depois o oferecemos ao mundo em palavras.
Quantas vezes desdenhamos tudo o resto (todos os outros)
e nos convencemos de que não cairemos nos seus erros.
E caímos sempre,
estou certa?
E quantas vezes procuramos o amor
como se procurássemos a cura para todos os males,
quando, no fundo, ele só nos faz mais doentes.
Mas o mundo não é feito de amor,
é feito de egoísmo.
E é por isso que eu lhes disse que ia escrever uma história,
e o mais certo é que seja a minha, ou uma variação,
que o que está dentro de mim é mais próximo.
Pode ser que ao escrever a minha história
possa compreender melhor a minha personagem.
Tu sabes.
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