27/06/11

Puro açúcar que derrete na boca e fica agarrado aos dentes. Sim? Sim, mas não tenho assim tanta certeza.

26/06/11

Do que eu não gosto é de não poder viajar pelas fotografias antigas sem pensar, para onde é que foi isto tudo? para onde foram as palavras? porque é que construímos este muro?
As pessoas são caminhos
e eu não sei nada sobre os teus,
e por isso é que tenho os olhos sempre abertos,
pesam-me as pálpebras,
o sono aperta
e o meu corpo suplica-me:
deixa-te dormir,
mas eu não quero fechar os olhos,
não quero abrir o peito,
não quero deixar-me dormir.
Porque as pessoas são histórias
e ainda não te contei as minhas.
Hands dowm, I'm too proud, for love, but with eyes shut it's you I'm thinking of. But how we move from A to B it can't be up to me cause I don't know. Eye to eye, thigh to thigh, I let go. I think I'm a little bit, little bit, a little bit in love with you, but only if you're a little bit, little bit, little bit in la-la-la-la-love with me.

24/06/11

Não dá para fingir surdez a todas as melodias,
não dá para segurar sempre nos dias,
não dá para ficar sempre do lado de cá,
não dá para fugir sempre do que há,
é preciso ir,
fechar os olhos, ir,
perder-me em ti,
sentir que me queres devorar,
não dá para não voar,
não, já não consigo lutar.
Mesmo de olhos fechados,
não dá para não ver o brilhar.

we are not dreaming it,

we are living it.

22/06/11

Não vale a pena lutar contra o que não conseguimos combater. E se nadarmos a favor da maré, ao menos podemos escolher a nossa forma de nadar.

o que tens de saber sobre mim se me fores amar, V

Não gosto nada de despedidas, mas geralmente as saudades vêm antes de me ir embora. É por isso que és capaz de me ver nostálgica às sextas feiras.

20/06/11

o que tens de saber sobre mim se me fores amar, IV

Vou querer falar contigo sobre tudo porque não lido nada bem com tabus e temas proibidos. E é bom que compreendas o que eu digo, porque frustra-me não ser entendida. Mas também não espero que compreendas totalmente o emaranhado das minhas ideias. Sim, na minha cabeça nada é simples, tudo é um grande fio emaranhado de ses, poréns e talvez que eu me dedico a desemaranhar e a arrumar. Não suporto desorganização e o meu amor à ordem vale-me alguma angústia enquanto as coisas não estão definidas. Por isso, quando não consigo arrumar algo numa gaveta, ou me massacro até encontrar um saco onde o enfiar ou então tenho de fechar os olhos ao assunto. Mas nunca para sempre.

o que foi que perdemos, ao certo?



Portimão, no Verão de 2010

o que tens de saber sobre mim se me fores amar, III

O para sempre assusta-me quase tanto como me fascina. O fim eterno e irreversível é uma dor incessante, porque nem pela esperança pode ser mitigada. O amor eterno soa a utopia, a um modelo de perfeição inatingível que funciona como padrão de comparação para a realidade imperfeita. É o mesmo sentimento que tenho em relação a deus e ao comunismo. Admiro profundamente os que escrevem Amor, Deus, e Comunismo a letra maiúscula, por acreditarem que a utopia não é inalcançável. Muitas vezes pergunto-me quem vê mais além: se sou eu que vejo a verdade para além do tentador ideal romanceado, se são os outros que vêm a verdade para além do triste e pobre pessimismo.

o que tens de saber sobre mim se me fores amar, II

Penso muito. Em tudo: no que aconteceu, no que poderia ter acontecido e no que poderá vir a acontecer. Trintamilvezes. É por isso que tanto me assustam aquelas mudanças tão rápidas, aqueles eventos tão súbitos que conseguem anteceder o meu pensamento. Porém, não tenho grande paciência para aquelas pequeninas mudanças que só se notam passado muito tempo. É por isso que prefiro a fotografia ao vídeo, e o desenho à pintura.

remexendo IV



Verão de 2010

o que tens de saber sobre mim se me fores amar, I

Às vezes tenho medo do escuro, mas geralmente só adormeço se não houver réstia de luz. Da mesma maneira que o meu maior medo é a solidão, mas há dias em que só quero mesmo a minha companhia.
Se calhar quero beijinhos na nuca, beijinhos no pescoço e as tuas mãos na minha barriga antes de eu adormecer (mas ainda não tenho a certeza).

19/06/11

- E por aí, já há peixe no mercado?
- Não.
- Não há ninguém, fofinha?
- ...
- Mas é bom, ter alguém.
- ...
- É bom ter alguém com quem partilhar a vida.
- Tem os seus inconvenientes.
- Não! Não tem inconvenientes nenhuns. Se a pessoa te aturar e se tua a aturares é sempre bom.
- Não. Tem o seu lado mau.
- Não, não, é sempre bom.
- Tens alguém a quem prestar contas.
- Mas isso toda a gente tem sempre de prestar contas à partida. Tens de prestar contas a Deus, à sociedade, aos teus pais, aos teus avós.
- Eu não presto contas a ninguém. Nem à sociedade, nem a Deus, nem aos meus avós...
- Prestas contas, prestas. Prestas sempre contas sem dar conta.
- Não...
- Pronto, tá bem.
- Pá, só estava a dizer que tudo tem um lado mau!
(eu e o meu pai)

lembrei-me agora de quem eu costumava ser:

Four o'clock, four o'clock never let me sleep. I close my eyes and pray for the garish light of day, like a frightened child I run from the sleep that never comes. Four o'clock, four o'clock, out of bed I creep to climb this tower of shame but the hour's still the same. Only madness knows my name at four o'clock. Why can we never go back to bed? Whose is the voice ringing in my head? Where is the sense in these desperate dreams? Why should I wake when I'm half past dead?

remexendo III



Verão de 2010

remexendo II



Guia, Julho de 2010
Não tenho pegado na máquina, mas tenho remexido muito nas fotos antigas.

remexendo I



Magoito, 2010

É assim que me abrem as feridas que tão cuidadosamente escondi do mundo. Para lembrar as coisas más também tenho de lembrar as coisas boas. Para sentir as coisas boas também tenho de sentir as coisas más.

i wish i could love you like my eyes love yours.


18/06/11

Custam-me os olhos mortos,
os peitos furados,
vazios e pesados,
custam-me as palavras arrastadas,
as reacções demoradas,
as bocas tapadas,
custam-me as mágoas sem fim,
as vossas mãos estendidas para mim,
o vosso corpo a pesar,
as lágrimas presas,
sem nunca chorar,
custam-me os olhos mortos,
sem vontade de viver.
As conversas que acabam a gritar.
Custa-me a dor de não poder
fazer nada para o mudar.
O amor é o quê se não uma pílula de intensa felicidade concentrada e duração limitada finda a qual ficamos na merda?
Perturba-me que não tenhas um lado negro, que não tenhas a cabeça frita, que não tenhas medos, nem inseguranças, nem hesitações, perturba-me que faças sempre o que queres e nunca te questiones, e que não tenhas um lado triste, um lado profundo. Tanto sol, perturba-me, e por isso acho que nunca te vou conseguir amar.

17/06/11

e agora, por onde?

e agora, o quê?

e dois


um


Fodasse, menti. Achei que tinha ganho corpo, que tinha ganho cabeça, mas só perdi foi coração. Perdi tanto coração neste caminho. Perdi certezas, perdi vontade, agora vivo de vontades. Criei uma bolha à volta das dores e achei que tinha ganho maturidade. Mas o que ganhei foi máscaras. Disfarces para a dor, disfarces para o medo. Fundamentalmente para o medo. Agarrei-me às pequenas coisas e deixei de ver as coisas grandes. Agarrei-me às pequenas verdades e deixei de procurar as grandes verdades. Perdi o sentido do correcto e coloquei o alegre no seu lugar. Se me faz sentir bem, é bom. O mau é o que me faz sentir mal. Fodasse, perdi-me. Algures dentro de mim ainda mora um coração efervescente, que procura umas mãos onde bater. Que acredita que pode cair num lugar quente e seguro e ser feliz. E hoje sinto-o bater. Mas, fodasse, dói. Dói mesmo. E eu menti-me. Menti-me com tanta convicção que pensei genuinamente que tinha ganho corpo e cabeça. O que perdi foi o meu coração inocente. Em troca de alegria, pois claro. Só para aguentar os dias. Mas e se eu agora quiser um abraço que me faça sentir em casa, outra vez? Tenho medo. Fodasse.
Bolha, bolha,
muralha,
muro,
parede,
buraco,
portas fechadas,
bolha, bolha,
não rebentes,
bolha,
fecha-te,
gaiola,
foge,
esconde-te,
fecha-te,
muralha,
muro,
parede,
bolha,
bolha.

Dentro de mim.
A sensação que eu tenho é que tu andarias quilómetros para ir ter comigo sem que isso fosse sequer um sacrifício de amor. É assim que tu és, certo?

15/06/11

eu estou maisoumenos assim

One day Alice came to a fork in the road and saw a Cheshire cat in a tree. "Which road do I take?" she asked. "Where do you want to go?" was his response. "I don't know," Alice answered. "Then," said the cat, "it doesn't matter."   »
Fui. Há aquela altura da vida em que te dizem que tudo o que sabias é mentira e tu não podes fazer mais nada, só ir. E vais, como eu fui. Ficas com o cérebro colado à parede de cima do crânio, e depois parece que já não consegues pensar fundo. Ficas com o coração colado à parede da frente da caixa torácica e depois parece que nada bate muito fundo, e não há nada mais que possas fazer. É ir. Vais até que te joguem um balde de água fria em cima e tu chegues à conclusão que mais valia estares quieta. Ou então descobres que chegaste onde querias e nunca lá terias chegado se não tivesses ido. Mas se nunca fores, não sabes. Por isso vai. Por isso eu fui. E se te magoares no caminho, não penses que é por não caminhares que não te cansarão as pernas. Na verdade cansa mais estar parado em pé do que caminhar. Fui. Tenho medo de ter largado tudo o que era seguro, mas o certo é que se me tiraram as verdades, tiraram-me o que me segurava a mim. E fui.

12/06/11

Gosto de ti, Lisboa, mas queria companhia para te ver, a passear.
Antes as casas só tinham um tecto, não havia para onde fugir. Agora escondemo-nos todos atrás de uma porta, porque são vários os tectos, e ligamos a televisão para fingirmos que não há silêncio. Mas há. E ele enche-me a cabeça, só a cabeça, porque se há coisa que acaba esgotando são as dores, essas que, se parecem um poço sem fundo, não são: quando mais nos escavam o peito, mais duro fica o chão. E chega uma altura em que as muralhas avançaram um bocado e os canhões já não chegam aqui, também não chegam aqui. Território seguro. A ela, que é pequenina, comem-lhe as palavras. Gostava de lhe segurar no peito quando lhe falta o ar. Tem calma e respira, pequenina. Espero que não dês razão aos livros, que proves a todos que és forte. Porque não, nunca te faltou amor, nunca nos faltou amor. Mas faltou felicidade, sim. Como havemos de crer em casas se a nossa tem vindo a ser desconstruída, pecinha a pecinha? E não entramos já todos ao mesmo tempo e se não fosse a televisão, não se ouviria um som. Respira, pequenina, respira. Gostava que não te fechasses no quarto, queria levar-te comigo. E fingíamos que tínhamos uma casa quentinha, que à noite nos sentamos todos no sofá e desligamos a televisão, porque temos sempre coisas para dizer. Como podemos nós crer na felicidade se a vemos ser rebatida a cada dia? Se há coisa que não nos falta é o amor. Mas há dias em que o bom senso se perde e até hoje nunca percebi porque hão-de puxar cada um para seu lado com o propósito de ver quem puxa mais longe desta vez. Não seria melhor largar a corda e ir embora, cada um em seu caminho? A destruição recíproca tem efeitos externalizadores e por mais portas que tenham as casas de hoje, uma casa não é uma casa se elas não estiverem abertas. No fundo, no fundo, só queria poder apagar-vos todas as dores e ordenar que sejam felizes. A vida é muito pequena para esta mútua destruição.

11/06/11

Blogger, gosto muito de ti, mas agora também estou aqui.

10/06/11

em seis meses

A vida é pequena,
não há que esconder,
é viver.
Para afugentar as lágrimas,
é rir.
Para passar o passado,
é ir.
Subir é só para os grandes,
e tu, pequena,
tu ficaste.
Ficar é o oposto de passar,
Viver é largar,
é deixares-te levar,
a vida nunca é devagar.
Sonhar
sonhamos quando estamos a dormir,
e para afugentar as lágrimas,
é ir.
Se queres cantar comigo,
vamo-nos rir.
Se te apertam no peito,
deixa-os seguir.
A vida é pequena,
e a verdade não existe,
porque tudo muda.
Se queres ser feliz,
vai.
Como hão-de gostar de ti
se não te vêem?
Tira o cabelo dos olhos
e sorri.
Nunca te servi,
não, eu nunca te servi.
Se queres ser feliz,
sorri.

últimas palavras antes de isto morrer

O que eu queria era não querer. Porque eu quero mais do que o quero. Porque é a cabeça e nada mais, é querer. E queria não querer. Mas quero, quero mesmo. No fim de contas, gosto da sensação.
Espero que um dia aprendas que não tens de carregar o mundo todo às tuas costas, espero que um dia confies nos braços de alguém para transportar o teu peso em grande parte do caminho. Espero que um dia percebas que eu tentei fazê-lo, mas que os braços esticados durante muito tempo sem resposta cansam-se. É a gravidade,  e agora que não me pesas para baixo, tenho subido como balões. Espero que um dia vejas que tentei que subisses comigo.

04/06/11

Não gosto de a estabilidade me tirar as palavras.

03/06/11

e eu? tenho saudades das noites do verão.






Em Agosto de 2010.

é raro ocupares-me a cabeça.

I'd like to sing to you, if you'd like me too, I'd like to sing to you, if you'd like me too, I'd like to sing, sing, sing, sing, sing to you. I'd like to dance with you, if you'd like me too, I'd like to dance with you, if you'd like me too, I'd like to dance, dance, dance, dance, dance with you. I'd like to sleep with you, if you'd like me too, I'd like to sleep with you, if you'd like me too, I'd like to sleep, sleep, sleep, sleep, sleep with you. Ribbons around the fumes, we'll be sleeping soon. Ribbons around the fumes, we'll be sleeping soon.

É possível não querer uma coisa com a mesma intensidade com que a queremos. E não pensar numa coisa tanto quanto pensamos nela. Somos dois.


E mais casinha do avô.

i want some love,

without a lover.

também é bonito, em viseu.