25/04/09

Eco

Eu sou um mar calmo e silencioso
Sem gritos, sem lágrimas, sem cor.
Apenas azul negro e profundo.
Nem brisa nem tempestade
Altera o meu respirar
Constante e ritmado.
Sou a razão pura e vazia,
Sou a voz consciente na tua cabeça.
Sou o eco que fica depois da canção
E a memória que fica depois do eco.
O mundo pode acabar
Com gritos, lágrimas e explosões de cor
Mas eu sou a calma
E não me hei-de perder,
Pois a paixão não reside em mim.
Sentir é apenas uma memória.
Sou uma máscara, um fantoche
Não tenho vida nos olhos,
Não sei como se sorri.
Sou o silêncio do pensamento
A monotonia de tom,
Nem sou mais nem sou menos.
Não sei sentir,
Até à fracção de momento
Em que o meu olhar pousa em ti.
Então, no fundo da memória
No mais interior de mim
Um eco longínquo explode
E concentrado num pulsar
O mundo é um frenesim.
Sorrio. Estou viva.

10 de Abril de 2009

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