08/09/09

Menina das palavras

Ela tinha a cabeça sempre muito cheia de palavras:
Tudo o que via eram palavras,
Tudo o que sentia eram palavras.
E quando pequenos turbilhões de sensações
Tão estranhas que não se podiam transpor em palavras
Afluíam à sua mente, ela ignorava-os.
E assim, na sua cabeça, não havia nada mais que palavras.
Mas um dia as palavras tornaram-se tão pesadas
Que pensar nelas deixou de ser suficiente.
Então, ela escreveu-as em papelinhos cor-de-rosa,
Dando-lhes corpo e forma.
As palavras deixaram de ser a mesma cadeia de letras flutuantes
Que se cruzava na sua cabeça.
Assim, escritas, ela pôde pegar nelas,
Contemplá-las, escondê-las e destruí-las.

Agosto de 2009

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