26/02/11

debaixo do solo



origami

Um dia vão voltar a mim,
os sorrisos,
vou ter lágrimas novas
para chorar,
perdida,
e o silêncio vai sumir todo
com o amor,
que é o som mais alto do mundo.


E tu vais dar por ti só
e vais querer voltar atrás,
vais querer mudar,
e depois vais aprender que
o tempo anda sempre para a frente,
até um dia encontrarmos um lugar
que sabe a tempo parado.


Porque tudo o que eu tinha
eram muitas palavras doces
para te dizer,
amor.
E quando a doçura morreu,
o ódio queimou tudo.


Mas um dia a doçura volta
e, com ela, vai-se a solidão.

25/02/11

O passado é um sufoco. Quando olhas para trás e não te consegues lembrar de como te sentias na altura e de como é que tudo se perdeu. E te apercebes que tudo o que tinhas como certo era fraco como um sopro.

21/02/11

Ainda não percebi do que é que tenho tido medo, se é de sentir se é de verbalizar o que sinto. Ou se é de sentir que não posso sentir nada que não consiga verbalizar.

20/02/11

Às vezes volto a ter saudades tuas e é como se me atirassem com um balde de água fria ou me beliscassem para me acordar. É aí que percebo que a minha estabilidade é uma mentira, que nada mudou e que tenho andado a dormir este tempo todo. É também aí que luto para adormecer outra vez. Um dia vou querer acordar e não vou conseguir.

18/02/11


Se saltam tanto dentro de nós, enclausuradas, as palavras acabam por morrer, porque morrer é parte de viver. E pronto, daí eu já não estar engasgada, mas sim muda. Como um poço vazio, percebes?

15/02/11

Tudo isto para dizer que agora já não te quero salvar do mundo, só te quero fora do mundo, porque eu sou mais do que tu e do que as tuas eternas tempestades, e há dias em que preciso de um lugar quente para chover.

a casa do silêncio

Às vezes, quando a noite é calma,
gosto de pensar em tempestades
e de como antes eu dançava nelas
como um jogo de coragem,
como um preço de amor.
Chovias e trovejavas
e eu segurava as porcelanas
varria os cacos
e fazia-te ver que,
mesmo nos dias escuros,
há sempre lugares de sol.
Mas no meio dos trovões
e dos teus jogos de escondidas
esquecias-te da minha voz
perdida algures em textos de que fugias.
E quando a noite é calma
eu seguro no peito
e pergunto-me quando foi que me calei.
Porque se antes chovias em cima de mim
e eu fazia-te o sol ou sacudia-te a chuva,
um dia comecei a afogar-me
e precisei que me falasses
daquelas palavras que são cordas onde nos seguramos,
e então calei-me.
Foi aí que começou o nosso longo silêncio.

12/02/11

Love doesn't fool me anymore.

11/02/11

Um dia, daqui a vinte anos, vais ter de vir ter comigo e perguntar-me, "Então, tens ido à tua casa no campo?". E se eu te disser, em voz baixa, que não tenho uma casa no campo, abana-me e diz-me "Por onde é que tens andado, tu?".

half light


10/02/11

ser só é ser velho.

Há uma velha caída no chão,
ou deitada,
que a estas horas já não importa.
Se isso é chuva ou são lágrimas
também não sei,
mas que há uma velha caída
ali ao pé da varanda,
isso eu vejo bem.
E ali está ela,
depois de anos que passaram,
ainda caída,
por trás de uma porta
que nunca mais foi aberta.
A vida agitada corre do outro lado,
e se eles gritam,
ela já não ouve,
e se o tecto cai,
ela já não sente.
Então,
depois de lhe contar os cabelos,
todos brancos,
que eram mais que cem mil dores,
eu peguei-lhe na mão,
dura e fria como pedra,
e disse-lhe,
Continua a dormir
que o teu tempo é outro, velha,
que o teu tempo já lá vai,
e tu devias ter ido com ele.

09/02/11

Agora lembrei-me de quão boa era a sensação de me estar a apaixonar. E não quebrei, o que é um começo. Mas fiquei triste.

08/02/11

Quem vai acordar o meu coração inerte?
Quem me vai cantar no escuro?
Nunca quis tanto o verão. E, oh, eu lembro-me quando toda em era palavras melodiosas para ouvir em dias de chuva ou vento gelado na cara, com piano dramático como som de fundo. Eu lembro-me da beleza que eu via em asas negras e olhos sangrentos, corações apunhalados, todas estas imagens que eu era, porque ninguém me via, nem ninguém via como eu. Só ela. E depois o mundo ficou complicado e a beleza do frio e da escuridão perdeu-se algures entre promessas de noites aconchegadas e entre o desespero por noites de calor. E no fim de uma tempestade sem ar e sem chuva e sem vozes, que foi esta, agora tudo o que flutua é belo, tudo o que tem cores é belo, tudo o que me tirar de dentro de mim, é belo. Mas não te enganes, porque eu ainda sou eu. Mas desta vez quero o verão.

07/02/11

Há um momento da vida em que temos de deixar a nossa casa. Coisa de pássaro, voar do ninho. E eu que sempre me achei tão crescida, agora sinto-me carente como uma criança imatura. Posso ficar aqui só mais um bocadinho? Fora de casa é demasiado frio, ou demasiado quente, demasiado feio e, sobretudo, demasiado silencioso. Porque o silêncio é não ter ninguém.

06/02/11

Button your lip and don't let the shield slip. Take a fresh grip on your bullet proof mask. And if they try to break down your disguise with their questions, you can hide, hide, hide, behind paranoid eyes.

e nunca ninguém vai escrever como o Roger Waters.

05/02/11





Foram umas férias produtivas.

04/02/11

precisa-se de sol, por aqui. precisa-se de abraços.



Odeio silêncio. Por isso, canta-me.

though, to say we got much hope, if i am lost it's only for a little while.


le jour de demain

Não olhes para trás,
que nas tuas costas há fantasmas,
que nas tuas costas há tempestades,
que nas tuas costas há medo,
que nas tuas costas há saudade.
Olha sempre e somente para a frente,
ou então perdes-te na dor da repetição.
É bom adormecer a sonhar, já me tinha esquecido. E ando à caça de sonhos que me aqueçam um bocado, que me despertem um bocado. O pior é que, por enquanto, qualquer luz me vai brilhar tanto como o sol e isso é mau. E pronto, eu sabia que ia acabar por sentir a tua falta. Ou se calhar só preciso de sentir a falta de alguém.

03/02/11

Quando vivemos escondidos, corremos o risco de nunca nos chegarem a achar.
E de nos perdermos, no meio da espera.
Hoje tenho muitas saudades, mas não sei de quê.

02/02/11

Gosto de caminhar sem destino definido. Mas já passei demasiadas vezes por estas ruas; de um saltinho, vou de um lado ao outro sem ver nada de novo. Um dia vou caminhar por aqui e mostrar a minha casa a alguém que é de longe, mas que eu vou querer perto. E nesse dia vai ser verão.