31/08/11
30/08/11
29/08/11
Sim, tenho tirado fotografias, mas não tenho querido partilhar as minhas memórias. Há dias em que quero apagar muito do que aqui há, porque este blog sabe demasiado de mim. Há dias em que quero apagar isto tudo, porque parece que já não tenho mais nada a dizer ou a mostrar. Nos outros dias quero guardar este lugar à espera de imagens e palavras que me encham o coração outra vez. No fundo, sei que maisoumenos frequentemente precisarei sempre de um balde para despejar a confusão mental que me acompanha.
24/08/11
Vejo-os embrenhados no seu amor infantil e lembro-me como eu própria mergulhei nessa inocência. Parece que foi há muito tempo, mas também sabe a memória de ontem (e isto anda a acontecer-me frequentemente). Vejo-os e sei que quero sentir outra vez o formigueiro na barriga dos telefonemas à noite, a vontade de fotografar as mãos dele, os lábios dele, os olhos dele. Sei que quero escrever coisas cor-de-rosa no meu caderninho, que quero sonhar em dormir nos braços dele, que quero sentir-me leve e ser sorrisos, sorrisos, sorrisos. Sei que é isso que quero, mas sinto que dele não vou ter nada disso. Faz-me sentir pesada e não leve, quente e não fresca, velha e não criança. Sei também que não posso esperar sentir a mesma coisa outra vez, porque é de fonte segura que ouço que a mesma coisa não se sente da mesma maneira duas vezes. Mas e então como é que eu sei que é amor? Como é que eu reconheço algo cuja representação é em mim tão errada? Talvez não consiga ver nada porque tenho os olhos enevoados de lágrimas e a cabeça obscurecida de pensamentos. Talvez não haja nada para ver. Talvez eu não queira ver. Ando à procura de algo que não vai voltar, sem ter a consciência de que quero de volta algo que a razão nunca quis que regressasse. Claro que me lembro das coisas más. A razão lembra-se, mas o coração não. Estou perdida. Estou perdida? Estou cansada de estar perdida. Não posso dizer o que quero nem o que não quero porque sinto que perdi a vontade. Acho que deixei o coração lá atrás, acho que morreu o amor dentro de mim. É tudo passado. E o futuro? Foram mais de oito meses a suster a respiração à espera que chegasse o futuro, e quando o futuro chegou descobri que não estava pronta para ele.
23/08/11
22/08/11
trovoada de verão
Estes são os dias em que acordo pela metade. Assim que ganho consciência de mim ganho consciência de que me falta parte. Deve ser aquele bocado que conduz o dia a um propósito, que encadeia os dias numa razão. Não há propósito, não há razão. Deve ser aquele bocado que sente nas costas os olhos do público. Estes são os dias em que me parece que a minha vida é um filme sem audiência, um filme que ninguém vê. Ninguém me vê. Na verdade sou eu que não vejo ninguém. Estes são os dias de nevoeiro, em que não vejo ninguém. Se na minha frente fito apenas a neblina em branco espesso, não consigo também ver o que se passa aqui dentro. Não tenho os olhos revirados para dentro, não tenho os olhos focados para fora. Não tenho olhos? Estes são os dias em que parece que não tenho olhos, nem coração. Porque o coração está nos olhos. Sentei-me à chuva, esta tarde. A minha vontade era fundir-me com ela. Ser um trovão, um luminoso trovão. Quis ser a tempestade, quis chover em todo o lado, ser milhares de gotículas espalhadas por toda a cidade, ser milhares de pequenas explosões de luz, reflectir a luz e ser arco-íris. Estes são os dias em que quero desaparecer, fechar-me das palavras, não ter de as usar mais. Estes são os dias em que não me sinto aqui.
20/08/11
Quero ir-me embora sem ninguém. Não quero ninguém, porque não consigo ter alguém. Seja o que for que liga as pessoas às pessoas está partido em mim. Quero ir-me embora sozinha, ficar sozinha, e não pensar em ninguém. Seja o que for que me ligava às pessoas, perdeu-se. E agora só sei ser sozinha, sufoca-me a companhia, sufoca-me o ter alguém. Quero ir embora daqui, quero ir embora sem ninguém.
18/08/11
16/08/11
metal heart
Saw your fortunes on a string, and hold them up to light. Blue smoke will take a very violent flight and you will be changed and everything. And you will be in a very sad sad zoo.
dia sim, dia não
Às vezes és uma brisa refrescante,
és água morna onde flutuam os meus cabelos,
és raios finos de sol nascente,
és música
e um abraço quente.
Outras vezes és um garrote sufocante,
és areia escorregadia que me foge pelos dedos,
és palavras de mel de que quero fugir,
és dúvida,
és eu a cair.
és água morna onde flutuam os meus cabelos,
és raios finos de sol nascente,
és música
e um abraço quente.
Outras vezes és um garrote sufocante,
és areia escorregadia que me foge pelos dedos,
és palavras de mel de que quero fugir,
és dúvida,
és eu a cair.
13/08/11
Perdes-te no som tremido
do meu pulsar cardíaco,
escondes-te no magnestismo das palavras
que me ouves sussurrar.
És como uma rocha firme
à mercê do meu mar.
Pois, alguma vez pensas em mim
antes de adormecer?
Nunca perdeste pedaço de ti.
Saberás o que é morrer?
Não sabes o que é a morte do coração,
nem o sufoco nos pulmões
à minha despedida.
Mel, só conheces mel.
Quero dar-te a provar o acre sabor da derrota.
Não quero ferir-te,
não quero perder-te,
mas quero saber até onde vão
os elásticos presos à tua mão.
do meu pulsar cardíaco,
escondes-te no magnestismo das palavras
que me ouves sussurrar.
És como uma rocha firme
à mercê do meu mar.
Pois, alguma vez pensas em mim
antes de adormecer?
Nunca perdeste pedaço de ti.
Saberás o que é morrer?
Não sabes o que é a morte do coração,
nem o sufoco nos pulmões
à minha despedida.
Mel, só conheces mel.
Quero dar-te a provar o acre sabor da derrota.
Não quero ferir-te,
não quero perder-te,
mas quero saber até onde vão
os elásticos presos à tua mão.
11/08/11
10/08/11
perdido no moleskine:
É difícil explicar-te. Não tenho palavras, matei-as todas. Se não há palavras para a dor então ela vai ficando progressivamente esquecida, até que desaperece. Nós pensamos em palavras e sentimos em palavras. Quando me doeram os pensamentos, quando me mataram os sentimentos, assassinei as palavras. Fechei-as num frasco impossível de abrir. Partiste-o. Fizeste questão de o partir. Não sei porque é que não fugi de ti. Tive medo, muito medo, tanto racional como irracional, mas puxou-me mais o desejo, o medo cedeu à curiosidade e não fugi de ti. (...)
quando me quis entregar às (tuas) boas mãos
Primeiro foi quando percebi que me levarias onde gostaria de ir sem eu sequer ter de pedir. Depois foi quando percebi que me levarias contigo aos sorrisos mesmo sem eu querer ir. Mas foi principalmente quando levantaste a voz para me repreender por ser tão impaciente.
09/08/11
Cada um sabe de si, sim? Daí que na maioria das vezes nos esqueçamos dos outros e de como o que fazemos ou dizemos sabe ao exterior. Ou então lembramo-nos bem, mas dá-nos prazer esse mau sabor nas gargantas alheias. Tu lá sabes de ti e eu cá sei de mim. E a mim ao que sabe é a alegria por não haver restos de mau sabor na minha garganta.
08/08/11
carregar o céu às costas
Sei que sabes que sou pequena demais para ser Atlas, mas sempre carreguei o céu às costas como os grandes, e o céu quase não caiu, esteve sempre - quase sempre - seguro lá no alto. A única grande queda foi minha. Está, eu sei, mas se eu não tivesse caído não terias cacos a apanhar.
07/08/11
06/08/11
01/08/11
Subscrever:
Mensagens (Atom)