31/01/11

Adormece aos poucos,
Porque os pássaros já voaram todos
E levaram apenas os bocados bons,
Que o que é mau pesa,
E não voa.
Adormece aos poucos,
Porque os sonhos prendem-te à vida
E, se eles forem, ficas sem nada.
E então dormirás.
Adormece aos poucos,
Porque se a dormir não te dói a alma
Também não é a dormir que o teu coração sorri,
Tal como uma janela fechada
Tapa tanto do frio como do calor.
Adormece aos poucos
Para que não haja pressas,
Que o tempo canta para te enganar
E quando quiseres acordar,
Vais ver que já é de noite.

30/01/11

5 de Outubro, IX



Palácio de Belém

5 de Outubro, VIII



Palácio de Belém

5 de Outubro, VII



Palácio de Belém

5 de Outubro, VI




Palácio de Belém

5 de Outubro, V



Palácio de Belém

5 de Outubro, IV





Palácio de Belém

5 de Outubro, III





Palácio de Belém

5 de Outubro, II


5 de Outubro, I




Parece que finalmente tive tempo para pegar nestas fotografias.

29/01/11



Não quero que fiques, não quero que vás.
Tenho andando a sonhar com muitas pessoas. Tu não és uma delas, felizmente.

28/01/11

Esta não sou eu, foi alguém que me roubou a alma no caminho. Eu sorrio pelas manhãs, eu gosto do inverno, eu não canto de tristeza, eu preciso de sair à rua, eu não me escondo, eu não tenho medo, eu tenho fé, eu tenho curiosidade, eu tenho planos, eu tenho objectivos, eu sei o que quero, eu sei onde estou. Eu abraço. Eu sorrio. Eu gosto de abraços e sorrisos. Não, esta não sou eu. Eu estou perdida algures dentro de mim, porque esta não sou eu. Alguém me roubou a alma no caminho.
Coisas simples como um abraço ou uma palavra bastavam por agora, só para aguentar mais um dia.
Não quero adormecer porque não quero acordar. Faz sentido?

27/01/11

Não me sinto nada aqui, sinto-me como que a flutuar longe de mim, longe da realidade. E, estranhamente, isso não é bom. Traz-me medo, não conforto, porque sei que estou a um passo de voltar a mim e vai me doer tudo de uma vez. Estúpidos mecanismos de defesa. Sim, construí uma bolha.
Primeiro pensamento do dia: fuck.

26/01/11

Sim, se fechares os olhos,
eu deixo de existir.
Fácil.

25/01/11

Costumava ler alto o que escrevia e soava-me bem. Hoje não, hoje soou-me a palavras mortas. E vírgulas, oh, estou farta de vírgulas.
Fica por hoje,
Fica,
Que só o vento pode passar,
Que só os rios podem correr.
E tu, ficas.
Se eu quisesse caminhar em cordas
Não estava aqui,
E pisar fogo nunca foi de mim.
Nada de truques,
Nada de riscos,
Quero uma casa.
Não consigo fechar os olhos,
Cair no sono,
Se não me disseres que ficas.
Amanhã quando acordar
Quero que estejas aqui.
Fica por hoje.
É o que te peço todas as noites.



Este é o lado bonito do Inverno, do qual me tenho esquecido porque tenho andando sempre fechada e cheia de frio. É pena, mas estes últimos dias de sol gelado e com muitos risos, estes últimos dias em casa trouxeram parte da beleza de volta.
Se calhar não estava preparada para andar por aqueles sítios, mas nunca fui de deixar de ir por ninguém, e não o ia fazer agora que nem sequer há alguém. Pois bem, as nossas ruas estão cheias de estranhos. E sabes como eu fico sempre nostálgica à noite, e posso dizer que hoje quase tive de engolir as lágrimas. Cada passo que dava havia uma memória prestes a ocupar-me a cabeça, acho até que eu é que as chamava a mim. Estava a testar-me. E doeu, mas não doeu muito, ou pelo menos não demasiado. Lembrei-me de várias momentos, lembrei-me de nós sentados nos bancos do Rossio, e de nós a descer a rua depois do almoço, e de como eu ia sempre de costas porque tu estavas sempre a abraçar-me. Lembrei-me de me rir muito, e nas minhas memórias estava sempre sol; apesar de muitas das coisas se terem passado à chuva, nunca me lembro de ter sentido frio ou desconforto. Lembrei-me de estar feliz, muito feliz. Doeu. Mas não doeu demasiado. E se me perguntasses se voltava atrás, não voltava. Mudei. Se antes vivia pelo passado, agora toda a minha vida se orienta pelo futuro. Tenho andando como que meia dormente, sem me prender muito ao momento, e sempre a querer amanhã, amanhã, amanhã. Verão, pela primeira vez quero o verão. Mudei, hoje foi só um teste. E, pois, ainda tens o bocado de meu coração que te dei, mas a minha cabeça não te quer mais dentro dela.
Às vezes alguns sentimentos passam por mim demasiado rápido para que eu os possa compreender. Não gosto.

24/01/11




Às vezes pergunto-me para onde foram todas as histórias que tinha em mim para contar. Agora estou vazia de histórias, ou se calhar a minha história encheu-me toda e não consigo pensar em mais nada que não a confusão que é o meu mundo. A confusão prende-me, pede-me que a ordene. Sim, deve ser por isso que as histórias desapareceram.
Dança ao frio,
Porque o frio aquece
Se for bem partilhado.
Chora se tiveres de chorar,
Porque as lágrimas perdem-se
E não as vês de volta.
Corre,
Foge do medo,
Mas devagar
Porque podes querer voltar atrás.
Não te fies no coração
Porque ele engana,
O teu e o dos outros.
Coisas que vivem batendo
Mudam a cada batida.
Não te fies no tempo
Que o tempo passa
E não te avisa
E quando dás por ti
Choraste tanto
E já não podes voltar atrás.
Por isso, se está frio,
Dança,
Porque a dança aquece,
Se for bem partilhada.

Au Revoir Simone faz-me sonhar com o verão que nunca tivémos.

E enquanto isto não é posto em dia, o meu ambiente de trabalho anda assim.
Eu costumava ser que chegue para mim. Hoje custou-me sair da cama, porque não encontrei um motivo para o fazer. Nada me espera lá fora. A minha vida está vazia.

23/01/11

medo das segundas-feiras

Quero os dias cheios de coisas doces, como rebuçados. E não ter medo daquela casa silenciosa e dos dias vazios, sempre comidos pelo tempo, sempre comidos pelo dever. E não ter medo do frio e da fome que nem se percebem por não haver vontade de comer. Quero os dias cheios de coisas quentes, como as lareiras, e cheios de luz, como as manhãs.

true blue


i'm feeling kinda pop:

You've been acting awful tough lately, smoking a lot of cigarettes lately, but inside you're just a little baby. It's okay to say you've got a weak spot, you don't always have to be on top. Better to be hated than loved, loved, loved for what you're not. You're vulnerable, you're vulnerable. You are not a robot. You're lovable, so lovable, but you're just troubled. Guess what? I'm not a robot, a robot. Guess what? I'm not a robot, a robot. You've been hanging with the unloved kids, who you never really liked and you never trusted, but you are so magnetic, you pick up all the pins. Never committing to anything, you don't pick up the phone when it ring, ring, rings. Don't be so pathetic, just open up and sing. I'm vulnerable, I'm vulnerable. I am not a robot. You're lovable, so lovable, but you're just troubled. Guess what? I'm not a robot, a robot. Guess what? I'm not a robot, a robot. Can you teach me how to feel real? Can you turn my power on? Well, let the drum beat drop. Guess what? I'm not a robot. Guess what? I'm not a robot. Guess what? I'm not a robot, a robot. Guess what? I'm not a robot, a robot. Guess what? I'm not a robot, a robot. Guess what? I'm not a robot, a robot.

Para seres feliz tens de começar por te sentir feliz.

when did I stoped longing for christmas?


Há pensamentos que se agarram às paredes do nosso peito, se prendem nos cantos do cérebro, se engasgam na nossa garganta. Geralmente tentamos que nos saiam pelos olhos. É por isso que choramos.
Mas qual foi a minha ideia?

hoje sinto-te torturada com isto,

Once you have loved someone this much you doubt it could fade, despite how much you'd like it to. 
God how you'd like it, you'd like it to fade.

eat me up inside

Comeste-me o estômago
Em tantas vezes que mo torceste
E quando eu estava certa
Que as lágrimas se haviam esgotado
Tu encontraste mais algumas
E deste-mas para eu chorar.

22/01/11

Por favor dá-me de volta,
Não quero mais ser de ti,
Se não puderes ser de mim.

20/01/11

Não espreites pela porta
Entra pela janela
Como brisas do fim de tarde no início do verão.
Nós não te comemos
Não te mordemos
Não te ingerimos
Nem digerirmos,
E se te magoarmos
É porque todos magoam todos:
É o propósito da existência.
A dor é o fim último de viver
Se fosse tudo feliz
Então não havia felicidade.
E a tua mãe nunca te ensinou assim
Porque sempre te quis guardar no colo
E tu agora tens medo de entrar
Porque vês a porta fechada
E nunca te disseram que quando as portas estão fechadas
É para as abrimos.
Se elas estivessem todas abertas
Então não podíamos entrar.
E hoje fechámos-te a porta
Porque queremos que entres pela janela,
Como brisas do fim de tarde no início do verão.

19/01/11

Gosto de reconhecimento, gosto de afeição, mas não suporto, de todo, adolação, idolatração. E isso vale em relação a mim (não que eu seja alvo frequente de adolação, mas quando tal está na eminência, tenho um forte impulso de repelir a outra parte) mas também em relação aos outros. Sim, sou pessimista. Mas, bem, idolatrar é precisamente o oposto de amar e certamente que não tem nada a ver com reconhecer.

17/01/11

Why don't you walk away?
No buildings will fall down.
Why don't you walk away?
No quake will split the ground.
Why don't you walk away?
The sun won't swallow the sky.
Why don't you walk away?
Statues will not cry.

rest, not recht.

Corre a fugir

Foge enquanto podes, disseste tu. Não por palavras, não, tu nunca falas. Foi com o teu silêncio. E eu fujo. Não que não quisesse ficar e não porque a fuga me faça feliz, mas só e só porque tu me disseste: Foge. O que provavelmente não sabes é que dizeres-me que fuja é o mesmo que dizeres-me, Vai. E se não disseres: Fica, então eu não fico e, portanto, vou. O teu silêncio, a tua ausência de um simples: Fica, equivale a uma ordem, daí que, se amanhã me vires a voar pela janela como quem vai e não regressa, fica sabendo que estou só a cumprir os teus pedidos. Não, eu não vou porque quero. Quero ir, sim, mas não é por isso que vou. Eu vou porque é o que tu queres que eu faça, e se tu queres que eu vá eu vou. É que, bem, posso ficar em sítios que não quero, mas nunca ficarei em sítios em que não me querem.

E porque o orgulho não é meu
e porque fujo ao sabor do teu orgulho,
o que eu quero é que tenhas saudades minhas,
me peças para regressar
e eu diga: Não.

15/01/11

Foi bom dormir nos teus braços.
Foi mau acordar.
Cai,
Mas não me leves contigo.

A chuva apaga tudo
O vento adormece tudo
A noite cura tudo

Vai,
Mas não me leves contigo.
Porque o ar frio da noite faz-me feliz
E eu não quero voltar a ir.

sunrise, sunset



When was the last time you looked in the mirror? 'Cause you've changed, yeah, you've changed. Sunrise, the sun sets. You are hopeful and then you regret. The circle never breaks. With a sunrise and a sunset theres a change of heart or address. Is there nothing that remains? For a sunrise or a sunset, you're manic or you're depressed, will you ever feel ok?

14/01/11

Eterno retorno.

Ando cega.
Quando temos os olhos vendados,
Andamos em círculos.
Recalcamos o mesmo piso
Infinitas vezes
E infinitas vezes caímos
Sempre nos mesmos sítios
E a dor é sempre a mesma
Multiplicada por si mesma
Trezentas vezes.

Foram precisas trezentas vezes
Para reconhecer os monstros que saltam das paredes
E os gritos que martelam nas janelas
E a chuva, sempre a mesma,
Andando em círculos também.
E depois de trezentas vezes a andar a volta
Parei, e olhei-me ao espelho.
E vi.

Não me reconheci debaixo desta mágoa toda,
Porque de todas as vezes que me tinha doído
Nunca antes tinha deixado de ver.
Estou cega. Estava cega.
Andar em círculos eternamente
É para os cegos.

Chega.
Agora chegou a altura de andar em linha recta.

The end and a new beginning.

Now.

antes o silêncio era bonito.


13/01/11

muitos erros não fazem uma coisa certa, muitas coisas certas não apagam erros.

Lembras-te do buraco onde caíste? E lembras-te de eu te querer tirar de lá? Eu queria tirar-te de lá.
Agora eu caí num buraco mais fundo (sim, a sério que é mais fundo). E tu? Onde estás?
Isso é fraqueza ou desprezo? É cobardia ou ódio? É indiferença ou medo?
De qualquer das formas: agora tu não estás cá para mim.
São gritos.
Facas,
pequenas facas.
Agulhas?
Agulhas.
De tricô, das maiores.
Dói?
Sim,
mas a dor é quente.
Quente?
Sim,
ferve-me o coração.
E a cabeça?
E a cabeça.
E tenho frio.
Tens frio?
Tenho frio.
Dói-me quente
mas tenho frio,
tenho sono
mas não consigo dormir.
É por causa das palavras?
É por causa dos gritos.
Não ouço nada.
Os gritos não se ouvem.
Então?
Sentem-se.
São agulhas, lembras-te?

Silêncio.
Sabias que o silêncio também grita?

Sim.
Queres um chocolate quente?
Não,
quero um abraço,
com amor.

Não.

Então quero dormir
e depois não acordar.
Quando te perdi, perdi a felicidade química que me mantinha viva. Agora que não há drogas para adormecer a dor e para preencher o vazio tenho de arranjar a minha vida. E dói, porque está tudo errado, está tudo dorido, está tudo ao contrário. E gostava de um analgésico forte. Por favor?
Ela disse-me que se ele lhe tivesse pedido, não, não lhe dava. Nem pensar, as pessoas têm limites. Têm não têm? E eu respondi-lhe que os limites existem, mas são ténues. E ela sorriu e disse baixinho: Então tu já passaste dos limites? E eu não respondi. Que pergunta estúpida, tu nunca passas dos limites. Ela não gostava de silêncio, percebes? Sempre que havia silêncio ela dizia alguma coisa para o preencher. Há pessoas assim, que parece que têm medo de parar de falar porque não querem ouvir os seus pensamentos. Não. Não? Respondi-lhe que não, mas há-de chegar o dia. Então mas ultrapassar os nossos limites por alguém é mau?, perguntou-me. E eu não soube o que lhe responder. Então ela pensou por uns segundos e depois, muito séria, disse: Se tu fazes algo que consideras fora dos teus limites é porque esses não eram verdadeiramente os teus limites. E eu sorri e respondi-lhe que sim, porque há coisas que nunca fazes por ninguém. Não, não, há coisas que nunca fazes por algumas pessoas, mas há sempre alguém por quem fazes tudo. E depois ficou triste, certamente porque pensou que se não faria tudo por ele, se havia limites, então não havia amor. E eu percebi o que a atormentava e prontamente acorri: Sabes que também tens de pôr limites, mesmo que sejam ténues, porque tu também mereces ser amada por ti mesma. E ficámos sem chegar a nenhuma conclusão.
You can never run from yourself,
You can't even hide.

08/01/11

Não estou a tentar dizer que o mundo anda todo enganado, mas eu não sou tão má como crêem. Se olharem por baixo dos olhos inchados, dos semicírculos negros que os emolduram, do sorriso triste e da mudez pesada, se se derem a esse trabalho, verão um alma a querer sair por todos os poros da minha pele, e a debater-se, em agonia, por ter sido descurada. Sim, eu tenho um coração, não sou um robô. Não querendo alegar que o mundo anda todo enganado.

07/01/11

Não há coisa que eu mais odeie sentir que o ódio. Não há nada que me faça sofrer mais. O ódio corrompe-me, desgasta-me, mantem-me acordada. Deixa-me impotente, indefesa, fechada. Dói. Muito. E nunca antes tinha sentido tanto ódio. A causa? O desprezo, a antísese do amor, a nulidade, a inexistência. Odeio inexistir e odeio aqueles que me mataram. E o ódio é uma prisão da qual eu não posso sair. É um pesadelo para o qual eu acordo todos os dias. Mais um dia a inexistir, mas um dia a arder por dentro, mais um dia com martelos no coração. Odeio-te. Odeio-vos. Odeio-me. E o ódio é o sentimento mais feio de todos, mas não é o mais indigno. É apenas o dos mais fracos. Aqueles que amam o que odeiam. Porque os fortes, esses, desprezam.

São três da manhã e o ódio é uma fogueira acesa a manter-me acordada. E amanhã vou ser um bocadinho mais zombie que o costume, mas ninguém vai reparar.

hoje vivi um bocadinho e senti-me bem.

Preciso de música. Preciso de me rir. Preciso que me façam rir. Preciso de falar com alguém. Também preciso de ter conversas, mas do que sinto mais falta é de poder falar. Dizer babuseiras, partilhar banalidades. Preciso de abraços, muitos abraços, daqueles amistosos e casuais que já não tenho há muito tempo. Preciso de cantar em público. Preciso de gritar com alguém. Primeiro a sério. Depois a brincar. Preciso de sentir-me querida, necessária, apreciada. Preciso de me sentir humana. E é esse o problema: ando há muito tempo a sentir-me um saco de plástico vazio, mudo e invisível.

05/01/11

o buraco onde eu não quero cair:

Andam todos a olhar só para si e ninguém se chega a ver.
Andam todos a falar alto e ninguém ouve o que diz.
Andam todos a fazer o que querem e ninguém sabe o que quer.
Todos juntos, cegos e surdos,
Agindo instintivamente, como os animais,
Sempre em proveito do prazer do presente,
Esquecem-se, por vezes, que há vida fora de si.
E anda o mundo inteiro mergulhado num erro.

02/01/11

Uma dia ele mostrou-me uma notícia sobre um senhor que fez um medicamento para dores de coração. Um medicamento a sério, um analgésico, porque quando o coração dói, dói mesmo. É físico. Pois bem, agora eu preciso de um.

01/01/11

Hoje a minha vida começa.