30/04/11

i am waiting till i don't know when

Há muito tempo que sentia o bater do coração sufocante na garganta. Tu fizeste-o bater perto da barriga, aquele bater que traz histórias para sonhar antes de adormecer. Obrigada.

25/04/11


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Quando é que te vais embora, por fim, amor?

22/04/11

O pior é quando descubro, de tempos a tempos, que tenho saudades tuas. Ou de uma versão de ti que ficou algures perdida nos anos passados. Quando uma música ou uma fotografia ou uma frase não me despertam o ódio da desilusão que tem reinado na tua memória, mas me revelam apenas uma imensa tristesa por te ter perdido, por te teres perdido. Porque tu não és a mesma pessoa, e ainda assim, as pessoas não mudam. Há palavras que ficarão sempre perdidas, porque nunca encontraste força para mas dizer. E as minhas, liberto-as em ódios pequeninos quando me lembro de ti. O pior é quando me apercebo que não posso olhar para o passado sem me amargar a garganta a enormidade da mentira, da gigante mentira a que soa agora. E se te perguntares o que se passa comigo, se conseguires sair um bocado da tua concha de egoísmo e te perguntares onde estou agora, pensa que agora estou a viver neste minuto e sempre presa a este minuto. Porque já que não posso ser feliz, tenho juntado as minhas forças todas para ser o mais alegre que posso. Só para me aguentar minuto a minuto. Se está a resultar? Obviamente que não. Porque em alguns momentos descubro que tenho saudades tuas.

E não queria mesmo voltar a falar de ti. Mas é a única forma que tenho de falar contigo.

19/04/11

Na dúvida,

Na dúvida, apagas a luz,
deixas-nos na escuridão,
e pergunta uma voz na tua cabeça
se eu sou forte
ou se não tenho é coração.

Na dúvida, calas a voz
e apertas o peito para guardar a dor
até ao dia em que uma voz melosa
te encha de açúcar,
te encha de amor.

Na dúvida, preferes dormir
que deixar correr lágrimas pela cara,
e se te perguntarem porque já não choras
dizes que um dia a noite foi escura,
mas uma vez que a viveste dormindo,
a noite passou a ser clara.
Agora vejo que estive escondida durante toda a minha vida, estive a dormir durante o tempo todo. E quando nos escondemos, adormecidos, acabamos por não ver, ver realmente.

17/04/11






Chora. Que não há nada que a chuva não lave, que não há nada que a chuva não faça nascer.

dias de sol e livros e livros e sol.


Avelosa






19 de Março de 2011

08/04/11

Poema a Alice

Que os teus olhos, Alice,
me apelem ao silêncio,
porque as tuas mãos pequenas
pensam que podem agarrar o mundo
e moldá-lo como plasticina,
não deixo.
Guarda esse ar sapiente,
essa testa paciente,
para quando os anos passarem
e me vires pequenina
a perguntar-te, O que faço?.
Que saibas de cor todas as letras do universo,
que o certo e o errado estejam escritos nos teus dedos
de forma a que os desenhes a cada gesto,
que não precises do meu colo,
da minha voz alarmada,
da chuva da noite danada,
para que te digam baixinho,
Não vás por aí.
Que as cores da certeza te durem para sempre,
espero eu, Alice.

Porque um dia destes vais ser maior
mas vais sentir-te mais pequena,
porque vais ver o mundo crescer tanto
que nem te vais lembrar como brincavas com ele
por entre os teus dedos cheios de verdade.
E vais ver que ele é duro,
Alice,
duro como as pedras,
como a tristeza.
Nada como a plasticina.
E que me encontres nesse dia,
me perguntes com os teus olhos grandes:
O que faço?
E eu te responda,
cheia de nada para te dar,
Diz-me tu.

estou farta de suster a respiração.




(a segunda foi o papá)

07/04/11

O mais extraordinário no ser humano é a resiliência. Como a pele se renova a cada golpe, quase sempre sem cicatrizes.

06/04/11

Tenho as últimas folhas dos cadernos cheias de palavras, porque é nos momentos de maior esforço académico que me vem a maior inspiração. Coisas da vida.

04/04/11

Há dias em que quero apagar todas as coisas tristes deste blog. E apercebo-me sempre que, se o fizesse, restava muito pouco aqui.
O que antes me fascinava nas pessoas agora apenas me irrita.

03/04/11

Terra de ninguém

Quando olhei pela primeira vez
para o nada que cresceu à minha volta
com os meus olhos feridos de criança,
lembrei-me de todas as palavras sábias,
palavras mortas,
que me foram ensinando.
Nada vale em terra de ninguém.
Se o vento leva mas também traz,
o vento pára por aqui,
porque tenho os muros bem altos,
as janelas bem fechadas,
e um grande vazio,
cheio de nada,
cheio de ninguém.
Se me abriste a tua porta
e esperaste que me aconchegasse no teu colo,
fechasse os meus olhos feridos de criança,
devia ter te dito que eu não entro em casas de estranhos,
nem deixo que me afaguem os cabelos,
porque essas foram as palavras sábias que me foram ensinando.
Mas nada vale em terra de ninguém.
Também te devia ter dito que não caio em apelos,
não ouço frases feitas,
não me perco em teias de açúcar.
Estou tão alto que nem o vento me chega,
estou tão dentro que não ouço a tua voz.
E à minha volta apenas uma imensidão vazia,
um silêncio tenebroso,
um medo turvado.
E as palavras sábias de outrora,
as certezas que acalmam as lágrimas,
não valem aqui,
em terra de ninguém.